Vereadores de Belém aprovam reajuste dos próprios salários em três minutos
A Câmara de Vereadores de Belém aprovou 35 projetos em três minutos, incluindo aumento salarial para os próprios vereadores e o próximo prefeito. Parlamentares da oposição foram pegos de surpresa com a agilidade da votação e ninguém até agora conseguiu saber o valor do reajuste aprovado.
"A gente saiu correndo atrás do presidente para ele dar uma cópia do projeto e ele saiu correndo com o texto debaixo do braço", conta o vereador Fernando Carneiro (PSOL) referindo-se ao presidente da Casa, John Wayne (MDB).
A sessão foi aberta com o presidente cantando apenas os números dos projetos que seriam votados, sem o teor.
Como a votação foi simbólica, quando basta que os vereadores fiquem parados para mostrar concordância, a oposição só se deu conta do que havia ocorrido quando a sessão foi encerrada e a pauta (com apenas um resumo) finalmente distribuída. Tudo ocorreu em três minutos.
"Vamos recorrer dessa decisão. Não defendemos privilégios. É um absurdo que os servidores municipais não recebam um salário mínimo como vencimento base, enquanto a próxima legislatura, e membros do poder executivo receberão reajuste salarial. Se não conseguirmos reverter essa situação judicialmente, o prefeito de Belém deve vetar essa medida inaceitável", disse a vereadora Silvia Letícia (PSOL).
O presidente da Câmara afirmou ao UOL que "a Comissão Executiva da Câmara Municipal de Belém apresentou projeto de lei relativo aos subsídios do prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais, obedecendo o que determina a Constitucional Federal. A Câmara Municipal deve cumprir as normas legais vigentes no País".
Perguntado há dois dias sobre qual o percentual do reajuste, não respondeu. "Não estou na câmara. Estamos no meio da eleição para o segundo turno", alegou.
O reajuste salarial de vereadores e prefeitos é sempre feito de uma legislatura para a outra. O atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), que não foi reeleito, é quem vai decidir se sanciona ou não o reajuste. Ele era o único prefeito do PSOL em capital. O partido não elegeu nenhum candidato no primeiro turno e tem em Guilherme Boulos, em São Paulo, sua única grande aposta no segundo turno.
O segundo turno em Belém é disputado entre os candidatos Delegado Éder Mauro (PL) e Igor Normando (MDB).
Os vereadores em Belém têm um dos mais altos salários pagos pelas Câmara em todo país, R$ 18,9 mil. O atual salário do prefeito é de R$ 25,3 mil. Dos 35 vereadores, 16 foram reeleitos. Além dos próprios salários e do prefeito, eles também reajustaram os vencimentos do vice-prefeito e dos secretários.
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