BB passa a omitir proposta salarial para presidente da instituição
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O Banco do Brasil passou a esconder, neste ano, qual é a sua proposta de reajuste salarial para a presidente da instituição, Tarciana Medeiros, e seus demais executivos.
No ano passado, o valor era apresentado em documento interno de forma individualizada. Após a coluna revelar a proposta que elevaria o valor de R$ 74.972 para R$ 117.470 (57% de reajuste), a Assembleia Geral dos Acionistas só concedeu 4,6% em 2024. Na ocasião, Tarciana ironizou a repercussão ao afirmar que sua "mãe pediu para aumentar o Pix dela" e que os questionamentos eram machismo.
Neste ano, o BB apresentou em documento interno apenas o valor global que pretende pagar para os altos executivos (diretoria-executiva e conselho de administração), que passaria de R$ 76 milhões para R$ 93,8 milhões.
A coluna procura o BB desde quinta-feira para questionar qual o valor proposto para o salário da presidente, mas o banco se recusa a informar.
Sobre a mudança na divulgação do pedido de reajuste, que não expõe mais os valores individualizados, o BB diz que "segue em linha com as práticas de mercado e a proposta considera as orientações emitidas pela Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais ), responsável por instruir o voto da União na Assembleia Geral de Acionistas, e segue todos os trâmites legais de apreciação".
Outros braços do próprio BB, contudo, mantiveram a transparência. O BB Seguridade, por exemplo, informa detalhadamente e de forma individualizada para quanto irão os vencimentos de cada um dos seus executivos, caso a proposta de reajuste seja aprovada.
Para setembro, está acordado que os funcionários do BB terão ganho real de 0,6%.

Salário secreto
Quando assumiu o cargo, Tarciana disse, em discurso, que sua gestão seria de transparência. Ela foi indicada para o cargo pelo presidente Lula. O salário atual da executiva é de R$ 78.435. A remuneração da presidente do BB inclui, ainda, participação em conselhos, que lhe rendem cerca de R$ 125 mil por mês. Ou R$ 2,5 milhões ao ano.
A proposta para o período de abril/25 a abril/26 foi apresentada pelo comitê de remuneração e aprovada pelo conselho de administração do banco. Cinco dos oito integrantes do colegiado são ligados a Tarciana. A presidente do BB integra o conselho, mas, devido a regras estatutárias, ela não pode participar da reunião que discute o reajuste de seu próprio salário.
A próxima etapa é a aprovação pela Assembleia Geral de Acionistas. A reunião está agendada para o próximo dia 30. É essa instância que dá a palavra final sobre a proposta.
Atuação estratégica
Por meio da assessoria, o BB informa que o reajuste "visa reforçar a competitividade do BB, considerando sua atuação estratégica em um mercado altamente concorrencial, como é o segmento financeiro".
E acrescenta que "a proposta do montante global de remuneração da diretoria e do conselho de administração considera, entre outros aspectos, a defasagem em comparação a empresas do mesmo porte do BB no segmento financeiro e que pode chegar a quase 95%, como já foi divulgado por outros veículos de imprensa."
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