Segunda onda já chegou ao Brasil antes da vacina: se puder, fique em casa!
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Até Donald Trump, depois de perder as eleições, pela primeira vez resolveu levar a sério a pandemia, em discurso na Casa Branca, prestando contas das medidas adotadas pelo governo.
Pois aqui, onde a segunda onda do coronavírus está chegando firme e forte, é como se nada estivesse acontecendo.
Nenhuma autoridade do governo manifestou-se até agora sobre providências para enfrentar o risco que todos estamos correndo.
Dá a impressão que não temos mais governo e estamos na base do salve-se quem puder. Por falar nisso, por onde anda o general ministro da Saúde?
Quando parecia que, em breve, poderíamos voltar a levar uma vida minimamente normal, as notícias são muito preocupantes sobre novos casos que começam a pipocar e lotar outra vez os hospitais.
Em São Paulo, como informa a coluna de Monica Bergamo, um grupo de infectologistas enviou carta a amigos para alertá-los sobre um aumento expressivo de casos de covid-19 nos hospitais, com alta de 100% em alguns serviços.
"Recomendamos fortemente novo ISOLAMENTO DOMICILIAR!", diz a carta, mas eles lembram que estamos em período eleitoral e "talvez por isso, não haja interesse político em novo lockdown".
Lockdown não combina com (re)eleição
Na primeira onda, foram os prefeitos e governadores que adotaram medidas para proteger a população, diante da omissão do governo federal, mas agora eles estão envolvidos na disputa do segundo turno das eleições que acontece daqui a 12 dias.
Muitos prefeitos são candidatos à reeleição e eles não querem nem ouvir falar em lockdown para não espantar os eleitores.
Em várias regiões do país, as médias móveis de ocorrências e mortes até triplicaram nos últimos dias, informa o Globo, que ouviu especialistas recomendando o isolamento social.
"Está no momento. A gente está vivenciando a escalada dos casos, o ideal é fechar agora para não piorar e sobrecarregar hospitais", recomenda Laura de Freitas, microbiologista da Universidade de São Paulo (USP).
Para o pesquisador Domingos Alves, da Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, ouvido pela BBC Brasil, "o Brasil já está na segunda onda de covid-19". A evolução da taxa de reprodução do coronavírus preocupa médicos e pesquisadores, mas até agora o país não tem uma política unificada para o combate à pandemia.
Enquanto isso, no país de maricas...
Enquanto o mundo inteiro corre atrás de uma vacina, aqui o presidente briga com governadores e faz campanha contra a vacinação em massa porque, para ele, a segunda onda é só uma "conversinha" e ninguém precisa usar máscaras, coisa de "maricas".
Se isso não é crime de responsabilidade, eu não sei mais o que é.
Se Bolsonaro não acredita no que estão dizendo os médicos brasileiros, poderia telefonar para seu amigo Trump para saber o que está acontecendo. Quem sabe ele muda de ideia.
Em tempo: depois de ler o noticiário de hoje e escrever esta coluna, resolvi cancelar um almoço com amigos, marcado para amanhã, o primeiro a que eu iria depois de oito meses de confinamento.
A vida é uma só. Não dá para brincar com ela e ainda ameaçar a vida de outras pessoas. Melhor ficar em casa, esperando a vacina. Pense nisso.
Vida que segue.
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