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OPINIÃO

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General Heleninho deveria cuidar da saúde do chefe dele, e esquecer Lula

General Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
General Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

07/11/2022 17h29

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Depois de uma reunião com Bolsonaro, domingo, no Palácio da Alvorada, sem ter mais o que fazer, o general Augusto Heleno parou no "cercadinho" para conversar com os fiéis seguidores, que há uma semana esperam em vão para falar com o presidente.

Os devotos queriam saber se era verdade que o presidente eleito Lula estava internado num hospital com problemas de saúde, como andou espalhando nos últimos dias a irresponsável milícia digital bolsonarista.

"Não, esse negócio do Lula estar doente, não está, infelizmente", lamentou o nanogeneral, chamado no Exército de Heleninho, Disse que já tinha recebido um "desmentido". De quem, não se sabe. "Vamos torcer para que tenhamos um futuro melhor". E ainda aproveitou para ofender Lula: "Na mão do cachaceiro, não vai".

Como chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, o general deveria se preocupar mais com a saúde física e mental do seu chefe, que tem dado seguidos sinais de descontrole emocional, ainda inconformado com o resultado das eleições. Na semana passada, deu apenas três horas de expediente no Palácio do Planalto, e nem apareceu na live das quintas-feiras.

Com a saúde de Lula, ninguém precisa se preocupar. Aos 77 anos, às vésperas de assumir seu terceiro mandato presidencial, apaixonado pela mulher, Janja, Lula está a mil por hora. Nunca esteve tão animado depois de vencer uma eleição, fazendo planos para dar início à grande obra da sua vida: a reconstrução nacional, após o desmonte bolsonarista.

"É inacreditável que o Brasil tenha sido governado 4 anos por pessoas como esse general Heleno, Felizmente, o país sobreviveu e a democracia venceu", reagiu no Twitter a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Também na rede social, o ex-governador e senador eleito pelo Maranhão, Flávio Dino (PSB), comentou o ataque gratuito de Heleno a Lula: "O nível é tão baixo que me impressiona isso ter chegado ao respeitável posto de general. Vade retro".

Depois de uma campanha exaustiva, em que rodou o país várias vezes, participando de grandes comícios, carreatas e caminhadas, Lula tirou apenas três dias de folga na Bahia e hoje já voltou a se reunir com o vice Geraldo Alckmin e a equipe que cuida da transição de governo.

Amanhã, recomeça a maratona. Lula estará em Brasília para se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, entre outros compromissos. Depois, irá ao Egito para participar como convidado da COP27, junto com a ex-ministra Marina Silva, primeira parada de um giro pelo exterior para retomar as relações diplomáticas com os principais países do mundo, interrompidas no governo de Bolsonaro e Heleno.

Sobre as arruaças de golpistas bolsonaristas, que na semana passada atazanaram a vida do país, bloqueando estradas com caminhões, promovendo atos antidemocráticos com saudações nazistas e pedindo intervenção militar, o chefe do Gabinete de Segurança Nacional nada disse, nem lhe foi perguntado.

Aos poucos, apesar dos últimos arreganhos de quem foi derrotado nas urnas, a vida começa a voltar ao seu curso normal, mas ainda faltam sete semanas para Bolsonaro entregar a rapadura. Todo cuidado agora é pouco.

Em apenas uma semana depois das eleições, o Brasil já voltou ao mapa do mundo.

Repararam que Bolsonaro já sumiu das manchetes? Só isso já torna o ar mais respirável.

Vida que segue.