75/60: o tempo passa, o tempo voa, e a vida segue...
Nas voltas que a vida dá, na semana passada minha neta Laura, de 20 anos, que ainda está no primeiro ano da faculdade, foi contratada como redatora júnior do ICL Notícias, um novo telejornal apresentado pelo Chico Pinheiro no YouTube.
Ontem, aos 75 anos de idade e prestes a completar 60 de jornalismo diário, fui desligado da tomada pelo UOL, sem maiores explicações: corte de custos. Que se pode fazer?
A vida é assim: de repente, surge um raio no céu azul que a gente nunca espera. Pensava em trabalhar lá até meu ultimo dia no jornalismo. Fiquei triste, claro.
Foi uma das melhores redações onde já trabalhei, em que se respira notícia 24 horas por dia, e o serviço nunca termina. Por isso, sou grato a toda a equipe comandada pelo Murilo Garavello, o Irineu Machado e a Bruna Barros, um trio muito afinado que criou um agradável ambiente de trabalho.
Nos últimos anos, além da coluna e de eventuais comentários no UOL News, participava também, de segunda a sexta, como palpiteiro na reunião matinal de pauta, às 9 em ponto, o que me obrigava a acordar cedo e me mantinha informado sobre as principais notícias do dia.
Sei que a nossa profissão passa por grandes transformações nas relações de trabalho e de negócio. No futuro, não haverá mais casos profissionais que passaram a vida toda na mesma empresa, como aconteceu, por exemplo, com o fotógrafo Gil Passarelli, meu colega na Folha, e o grande Ernesto Paglia, eterno repórter da Globo, meu velho amigo.
Não sabemos nem se com a Inteligência Artificial, e todas as novas tecnologias que ainda estão por vir, sobreviverão muitos dos empregos hoje existentes, o que já levou autores e atores de Hollywood a uma greve prolongada nos Estados Unidos.
Mas, apesar de tudo, já entrando na prorrogação da carreira, continuo achando que o jornalismo é a melhor profissão do mundo para espíritos inconformados com os rumos da humanidade, solidários e intrépidos como a dos repórteres de ofício.
Vai aqui um agradecimento especial a todos os leitores que me acompanham desde 2008 nas redes sociais e desde 1964 no papel, pois são eles que mantêm vivas nossas colunas de opinião, ainda que entrem só para discordar e nos xingar. Essa é a riqueza da internet.
Como nem me lembro a ultima vez que saí de férias, vou aproveitar para descansar por alguns dias, enquanto busco um novo endereço para o Balaio, porque os boletos continuam chegando, e ainda não posso parar. Espero que em breve possa ter boas novidades para contar a vocês. As conversas já começaram.
Vida que segue.
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