Carla Araújo

Carla Araújo

Reportagem

Cid tem direito à defesa e condenação é especulação, diz presidente do STM

Preso há mais de dois meses por suspeita de fraudes em cartão de vacinação e pego em mensagens confabulando golpe de estado, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, também deve ter respeitada a presunção de inocência e o processo de condenação não deve ser antecipado. Essa é a avaliação do presidente do Superior Tribunal Militar, brigadeiro Joseli Parente Camelo.

Segundo o presidente do STM, o caso será levado ao tribunal militar caso Cid seja condenado a mais de dois anos de prisão. "Isso é uma especulação no momento. Agora que está começando [a investigação], vamos aguardar todo esse processo", disse ele, em entrevista exclusiva ao UOL.

De acordo com o brigadeiro, pelo menos "até o momento não houve indicação de nenhum crime militar cometido por Cid". Segundo Joseli, Cid ainda será julgado e não se pode já especular o tamanho da pena. "Vamos dar o direito à ampla defesa. Ele vai poder levar o contraditório e isso será julgado", afirmou.

Caso seja condenado na esfera civil com pena maior que dois anos, Cid irá para a Justiça Militar, que avaliará se ele se tornará indigno para o oficialato. "Mas temos a nossa legislação e não pode ser diferente. Não se pode dizer que é um mau elemento porque ele não foi condenado."

Pressão corporativista?

Há mais de 70 dias preso no Batalhão da Polícia do Exército, o ex-braço direito de Bolsonaro tem recebido apoio de militares da reserva e ativa, de forma reservada.

Segundo apurou a coluna, há um movimento crescente para que o comandante do Exército, general Tomás Paiva, interfira de alguma forma junto ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que haja um relaxamento da prisão de Cid.

Apesar disso, fontes ligadas ao comandante afirmam que Tomás Paiva não ultrapassará a linha institucional da relação com o Supremo para interferir nas investigações.

Questionado sobre a prisão de Cid, o presidente do STM afirmou que não conhece as argumentações feitas por Moraes, mas disse acreditar que o ministro do STF "tenha uma fundamentação para ele estar preso preventivamente".

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