ONU: Brasil pede inquérito sobre Venezuela, que critica ato servil a Trump
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
As delegações do Brasil e da Venezuela trocaram acusações mútuas na ONU (Organização das Nações Unidas) num momento em que a entidade internacional aprovou uma resolução para ampliar as investigações de abusos de direitos humanos contra o regime de Nicolas Maduro.
O projeto do Grupo de Lima (bloco de países sul-americanos que reivindicam uma queda do governo de Maduro) — com o apoio nos bastidores do governo de Donald Trump — passou com 22 votos a favor, 22 abstenções e apenas três votos contra. O debate que deixou claro o profundo mal-estar entre Caracas e Brasília no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, nesta terça-feira.
Ao apresentar o projeto de estender o inquérito por mais dois anos, o Itamaraty indicou que o processo já realizado pela ONU até agora identificou crimes contra a humanidade e indicou que tais atos estariam ligados à cúpula do governo Maduro.
Segundo a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, tais crimes eram "planejados e conduzidos" por pessoas ligadas ao regime e com o objetivo de permitir que aqueles no poder continuem a comandar a Venezuela.
"A comunidade internacional não pode ficar indiferente a isso", declarou a diplomata. Segundo ela, apesar de o trabalho da ONU ter já identificado crimes, o Brasil defende que exista "muito mais a ser investigado". A avaliação do Itamaraty é de que as violações e abusos continuam e, portanto, a pressão precisa continuar.
Venezuela ataca o "cartel de Lima"
A sugestão do governo é de que a missão seja transformada em uma comissão de inquérito, um grau mais elevado de ingerência internacional. O Brasil também sugere que a ONU estabeleça um escritório consolidado na Venezuela para monitorar o país e fala abertamente em fraude.
Em resposta, o embaixador da Venezuela na ONU, Jorge Valero, subiu o tom de ataques contra o Brasil e o restante do Grupo de Lima.
Fugindo ao protocolo diplomático, Caracas indicou o bloco não deveria ser chamado de Grupo de Lima, mas de "Cartel de Lima". Sem citar nominalmente o Brasil, o venezuelano fez referências que, na sala do Conselho da ONU, foram interpretadas como um ataque a Jair Bolsonaro.
Segundo Valera, a proposta na ONU é liderada por países que "sem vergonha, se arrastam" para cumprir instruções do governo de Donald Trump.
"Eles respondem a Trump"
O venezuelano ainda diz que o autor da proposta é liderado por "presidentes fascistas e que executam um genocídio". Para Caracas, ainda sem citar o nome do brasileiro, trata-se de um chefe de Estado que deveria ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.
Valero ainda faz outra alusão ao presidente brasileiro, indicando que se trata de um presidente "muito corrupto".
Caracas chamou de "vergonha" o fato de o Grupo de Lima "falar de direitos humanos". "Eles respondem ao poder decadente de Trump. São os mais servis", disse. A Venezuela ainda apontou para o elevado número de mortes pela covid-19 no Brasil e no Peru, dois dos países que lideram o processo contra Maduro na ONU.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.