Topo

Jamil Chade

Covid-19: cúpula mundial em Paris amplia condição de pária de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro conversa com o chancele Ernesto Araújo, no Itamaraty - MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Jair Bolsonaro conversa com o chancele Ernesto Araújo, no Itamaraty Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

12/11/2020 16h37

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um evento global realizado em Paris nesta semana está confirmando o que até mesmo membros do governo brasileiro já admitem: a gestão de Jair Bolsonaro e sua diplomacia passaram o Brasil à condição de pária no palco internacional.

O Fórum da Paz de Paris reúne 50 chefes de Estado e de governo, uma dezena de diretores e presidentes de organizações internacionais, empresários e os principais atores da cena mundial para debater formas de dar uma resposta coordenada à pandemia da covid-19. O governo brasileiro não esteve presente — a coluna não pôde confirmar se por escolha própria ou se simplesmente a representação do Brasil não foi convidada.

Procurado, o Itamaraty não deu uma resposta ao UOL sobre sua ausência na cúpula.

O evento se colocou duas metas: melhorar a resposta à crise atual e buscar uma estratégia para garantir que o mundo esteja melhor preparado para uma nova pandemia no futuro.

Xi Jinping, presidente da China, foi outro nome confirmado, além de Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente de Portugal. Mesmo alguns dos principais aliados de Bolsonaro também estão presentes. Entre eles o primeiro-ministro nacionalista da Índia, Narendra Modi, e o presidente ultraconservador da Polônia, Andrzej Duda.

Os organizadores do evento, porém, não esqueceram dos brasileiros. Diversos nomes da sociedade civil e pelo menos um diplomata estão no programa. Mas todos eles na condição individual e sem o envolvimento do governo federal.

Entre os convidados estão ainda os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, o colombiano Ivan Duque, e o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada.

O anfitrião Emmanuel Macron também recebeu a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, o presidente do Senegal Macky Sall e o presidente da UE (União Europeia), Charles Michel, além do secretário-geral da ONU (Organização Mundial da Saúde), Antonio Guterres, e o diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus.

Entre os nomes do setor privado estão Michael Bloomberg e Richard Branson.

Negociadores ouvidos pela coluna constatam que a ausência do Brasil num debate mundial sobre saúde seria "impensável" em qualquer outro momento. Mas, sob Bolsonaro, o governo hesitou em diversas ocasiões em fazer parte de esforços globais semelhantes.

Mesmo a aliança global por vacinas da OMS, o Brasil apenas aderiu meses depois que o projeto tinha sido iniciado. Na ONU, debates sobre como conduzir uma resposta social e econômica tampouco contaram com a presença do governo federal em seu nível mais elevado.