Dia da Favela: Potência nacional, revolução para o futuro do Brasil
Neste 4 de novembro, Dia da Favela, o Brasil tem a oportunidade de rever a maneira como enxerga seus territórios periféricos. As favelas não representam apenas 20 milhões de brasileiros; elas são uma força econômica que gera cerca de 200 bilhões de reais ao ano, com um potencial de crescimento inexplorado. Em 14 mil territórios, a favela cria, inventa e inova todos os dias.
O que significaria reconhecer as favelas como um dos motores econômicos do Brasil? Em um país com disparidades tão grandes, esses territórios criam soluções de baixo custo e alta eficácia para problemas reais, com impacto imediato em áreas como reciclagem, educação, comunicação e microempreendedorismo. Paraisópolis, por exemplo, que movimenta milhões por ano, é um retrato de como esses locais se auto-organizam e se destacam na geração de empregos e oportunidades.
Imagine o impacto de apoiar diretamente essas iniciativas: cooperativas e associações que produzem desde moda até tecnologia; empreendedores que transformam o que a cidade descarta em novos produtos; e coletivos culturais que exportam a identidade brasileira para o mundo.
Favelas como centros de criatividade
As favelas estão onde o futuro já começou, não só por sua capacidade de adaptação, mas porque a juventude nesses territórios domina redes sociais e canais digitais com maestria. Eles se tornam hubs de comunicação onde influenciadores locais, com seus de seguidores, moldam tendências e influenciam hábitos de consumo em todo o país. Ao invés de se comunicarem com as favelas, muitas marcas poderiam aprender a comunicar a partir das favelas, aproveitando a criatividade local para desenvolver campanhas autênticas e disruptivas.
Aqui, o potencial não é de uma única ação, mas de um ecossistema autônomo de mídia: rádios comunitárias, podcasts, vídeos e canais de notícias que nascem dentro das comunidades. Esse é o caminho para o fortalecimento do poder de voz das favelas e, com ele, do mercado publicitário.
Transformar potencial em realidade
Se cada investidor enxergasse nas favelas uma porta aberta para o futuro do país, o Brasil poderia transformar não só seu mercado interno, mas também sua posição global. As favelas reúnem toda a diversidade que torna o Brasil único e integram as redes de inovação onde pequenas ações geram mudanças gigantescas.
Como transformar isso em realidade? Com parcerias robustas entre grandes empresas e lideranças locais, estímulo ao empreendedorismo e capacitação em áreas tecnológicas e criativas. O apoio a iniciativas nas áreas de qualificação profissional e infraestrutura de comunicação são os primeiros passos. Ao fazer isso, damos o protagonismo para quem realmente entende a realidade das favelas e pode mudar o Brasil de dentro para fora.
Favelas como ativos estratégicos
Neste Dia da Favela, convido todos a enxergarem esses territórios não como uma promessa distante, mas como o Brasil que já existe e está pronto para crescer. Apoiar as favelas, investir em sua cultura e produção significa investir no Brasil. A favela cria, inova e, acima de tudo, revoluciona. Esse futuro que tanto desejamos para o país passa pelas vielas e becos onde o presente já está transformando o Brasil para melhor.
Estreio hoje essa coluna semanal no UOL, falando sobre o papel das favelas e periferias como motor propulsor para o futuro do país. Tem sugestões de temas e conexões, envie aqui e nas minhas redes sociais.
28 comentários
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Claudio Luiz Pessuti
Ok, ok, ok, mas o cara que enriquece a primeiro coisa que faz, qual é? Sair da favela...então, reconhecer que a favela pode gerar riquezas , ok, mas daí a glamourizar esta condição é um pouco demais né...
Colombo Transporte
Ta de sacanagem né? Tem que acabar com as favelas no Brasil. As pessoas precisam de moradias mais dignas.
Sergio Pereira Lopes
Se, de um lado há inovação, criação etc de outro, é fundamental não permitir que transformem o Brasil em favelas. Se fosse tão bom, ninguém sairia delas. Esse posicionamento mi mi mi é de doer.