Bolsonaro recua de mimo fiscal para as igrejas. Até quando?
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O que Jair Bolsonaro faz em reação ao noticiário ou às críticas que lhe chegam pelas redes sociais é o que deixou de fazer por convicção, compromisso ou precaução. Antes de soltar fogos para celebrar a notícia de que o presidente desistiu de subsidiar a conta de luz das igrejas é preciso lamentar que a cabeça do chefe de um governo que se diz liberal tenha funcionado como um terreno baldio onde seus aliados evangélicos atiraram o detrito do favorecimento fiscal.
Na expressão de Bolsonaro, o mimo às igrejas teria "um impacto mínimo na ponta da linha". Ora, se a conta é mixuruca, por que conceder mais este favor fiscal a igrejas que já são isentas de tributos federais, estaduais e municipais? Hoje, os incentivos fiscais custam ao governo algo como 4% do PIB. Traduzindo em cifrões, o Estado abre mão de arrecadar R$ 320 bilhões por ano. Um governo quebrado deve cortar velhos subsídios, não conceder novas isenções.
Em conversa com deputados evangélicos, Bolsonaro disse que "está suspensa" a negociação do subsídio à conta de luz das igrejas. Suspender significa interromper a conversa por certo período de tempo. O presidente soaria mais lógico se utilizasse termos categóricos. Algo assim: "Está arquivado esse assunto." Ou assim: "Fim de papo". E Paulo Guedes emendaria: "Amém".
Do modo como se expressou, Bolsonaro deixou no ar a incômoda impressão de que enviou o pedido dos seus irmãos em Cristo não para o arquivo, mas para o gavetão dos assuntos pendentes.
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