Amorim vai a Caracas como testemunha de um fracasso
Enviado do Planalto à frigideira venezuelana, Celso Amorim embarca nesta sexta-feira para Caracas. Será protagonista de um enredo com final infeliz. Não foi por falta de aviso. Amigo fraternal de Lula, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica avisou há oito anos: Nicolás Maduro "está louco como uma cabra".
Devolvido ao Planalto com o apoio de uma frente democrática, Lula perdeu a oportunidade de se reposicionar. Ao mimar Maduro, tornou-se uma oportunidade que o ditador aproveita para tentar se manter no comando.
No ano passado, num instante em que o TSE punia Bolsonaro por ter sonhado com uma ditadura absoluta no Brasil, Lula tratava a Venezuela de Maduro como uma democracia relativa. Desgovernada, a cabra venezuelana ameaçou invadir a Guiana, prendeu antagonistas e descumpriu o acordo de Barbados, que previa eleições competitivas e transparentes.
Na sucessão passada, em 2018, Maduro foi reeleito numa disputa de fancaria. Meia centena de países resusaram-se a reconhecer a legitimidade da eleição. Se o ditador vencer novamente, os questionamentos serão instantâneos. Na improvável hipótese de perder para Edmundo González, terá seis meses para fabricar um "banho de sangue" capaz de impedir a posse do Plano C da oposição.
Em qualquer hipótese, Lula descobrirá da pior maneira que levou anos para fracassar da noite para o dia no plano que se autoimpôs de coordenar a estabilização política da Venezuela. Celso Amorim será testemunha ocular desse fiasco. Seja qual for o veredicto das urnas de domingo, haverá denúncia, incerteza e crise.
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