Semelhança entre Bolsonaro e Maduro não se limita às urnas
No final de janeiro, Bolsonaro elogiou as urnas utilizadas em plebiscito promovido por Nicolás Maduro. Encantou-e porque a urna eletrônica imprime o voto. Decorridos seis meses, o ditador da Venezuela incorpora ao seu cardápio de mentiras a suspeição contra o processo eletrônico de votação do Brasil, um arroz de festa na retórica bolsonarista. Incomodado com a comparação, o capitão ironizou nas redes sociais: ""Maduro is my friend. Kkkkkkkkkkkkk".
Na campanha de 2022, Bolsonaro jogou nas redes um vídeo com imagens de Lula ao lado de Hugo Chávez para assustar o eleitorado com a possibilidade de o Brasil virar uma Venezuela nas mãos do PT. Não se deu conta de que sua administração já exalava um aroma venezuelano. As semelhança vai muito além do apreço pelo voto impresso e pela mentira.
Na Venezuela, o chavismo corrompeu os militares com vantagens salariais e negócios escusos. No Brasil, Bolsonaro cooptou as "minhas Forças Armadas" com investimentos orçamentários, mimos previdenciários e uma portaria que colocou os contracheques dos seus generais de estimação numa laje acima do teto salarial do serviço público. Comandantes de escrivaninha foram agraciados com ganhos extras superiores a R$ 300 mil.
Hugo Chávez, o coronel autocrata que deu à luz Nicolas Maduro antes de morrer, fundou em 2007 a Milícia Nacional Bolivariana. Virou a maior força armada do país. Chegou a reunir mais de 2 milhões de civis voluntários. Ainda hoje essa força paramilitar assombra a população, prolongando o regime ditatorial. Bolsonaro ensaiou algo parecido com a distribuição indiscriminada de armas. Seu lema era "o povo armado jamais será escravizado."
Qualquer semelhança entre os dois projetos políticos não é mera coincidência. Personalidades autocratas são mesmo semelhantes. A diferença entre Bolsonaro e Maduro é que o Brasil não é a Venezuela.
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