Moro coloca sua candidatura na mão de Bolsonaro
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Em nova entrevista, dessa vez ao programa Pânico, Sergio Moro como que chamou Jair Bolsonaro para uma partida de xadrez. Diferentemente do capitão, que fala dez vezes antes de pensar, o ex-juiz utiliza as palavras com precisão cirúrgica. Cada frase traz, além do sentido literal, tudo o que está subentendido nas entrelinhas. Na conversa com a bancada do Pânico, há três passagens cruciais.
Numa, Moro reiterou que a candidatura presidencial não é seu propósito de vida. Lembrou que Bolsonaro já manifestou a intenção de disputar a reeleição. E acrescentou, textualmente: "Eu, como ministro do governo, tenho de, evidentemente, apoiá-lo, não tem outra alternativa." Na entrelinha, lê-se o seguinte: se for empurrado para fora do ministério, outras alternativas podem surgir.
Noutra passagem, Moro falou sobre a polêmica do desmembramento do ministério da Justiça. Recriada, a pasta da Segurança Pública seria entregue a outra pessoa. "Tem muita gente querendo enfraquecer o governo, me tirando do governo, e gerando essas intrigas eleitorais", afirmou Moro. Nesse trecho, está subentendido que o ministro pedirá o boné se a pasta for cindida. Sem modéstia, Moro avalia que sua eventual saída enfraquecerá o governo.
Na terceira passagem relevante, Sergio Moro comentou a hipótese de ser indicado para o Supremo Tribunal Federal, na vaga a ser aberta com a aposentadoria de Celso de Mello, em novembro. "...Pode ser interessante e natural na minha carreira", declarou. Na sequência, enfatizou o óbvio: "A escolha, evidentemente, cabe ao presidente da República."
As frases de Sergio Moro estão amarradas por um liame que conduz à seguinte conclusão: quem vai decidir se o ex-juiz da Lava Jato será ou não candidato em 2022 é Jair Bolsonaro. Se continuar conspirando contra sua presença na Esplanada, se preferir indicar um advogado "terrivelmente evangélico" para o Supremo, Bolsonaro empurrará Moro para as urnas.
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