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Josias de Souza

Bolsonaro faz reforma ministerial em conta-gotas

Colunista do UOL

12/02/2020 20h27

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Jair Bolsonaro grudou em todas as notícias que mencionavam o seu desejo de promover uma reforma ministerial o selo de "fake news". Agora, a cada movimento que promove para mexer as peças do primeiro escalão do governo, Bolsonaro se consolida como um fake presidente. Ele faz em conta-gotas a reforma que assegurou que não faria. Um dia depois dar posse a Rogério Marinho, que substituiu Gustavo Canuto no Ministério do Desenvolvimento Regional, o presidente se move para trocar o comando da Casa Civil.

Deseja-se trocar o deputado licenciado Onyx Lorenzoni, reduzido a gestor do nada, por alguém de perfil técnico. Onyx teve uma trajetória curiosa. Encostou em Bolsonaro numa época em que os aliados do capitão cabiam numa Combi. Graças à sua lealdade, foi deslocado da periferia da Câmara para o epicentro do poder.

Antes mesmo da posse, virou ministro extraordinário da transição de governo. Experimentou a sensação de quem enfia um dedo na fava de mel, lambe o dedo e vislumbra as dádivas do poder. Transformado em chefe da Casa Civil, Onyx passou a fugir das abelhas. Foi gradativamente esvaziado por Bolsonaro. Agora, foi convidado para a Casa Civil o general Walter Braga Netto, de perfil absolutamente discreto e técnico.

Na hipótese de ascensão de mais um general, a equipe de ministros palacianos passará a ser 100% militar. Hoje, já dão expediente no Planalto dois generais —Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)— e um major aposentado da PM de Brasília, Jorge Oliveira (Secretaria-Geral). Isso mostra que Bolsonaro volta a prestigiar os militares. Mas é preciso recordar que Bolsonaro já afastou generais de sua equipe com um peteleco. Entre eles o então ministro Caros Alberto Santos Cruz, um amigo de três décadas. Significa dizer que, sob Bolsonaro, nem mesmo a farda assegura estabilidade no emprego.