Moro virou candidato... a um bom saldo bancário
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Ninguém imaginaria que Sergio Moro fosse engrossar as estatísticas do desemprego por muito tempo. Vencido o prazo da quarentena que teve de observar depois que deixou o cargo de ministro da Justiça, seria natural que buscasse uma alternativa para manter a geladeira abastecida. Mas a escolha feita por Moro revelou-se mais rentável do que defensável.
Detentor de segredos insondáveis acumulados nos tempos de ex-juiz da Lava Jato, Moro virou sócio-diretor da consultoria americana Alvarez & Marsal, que acode empresas encalacradas em disputas e investigações. O rol de socorridos pela consultoria inclui a Odebrecht, cliente de caderneta da Lava Jato.
Moro anotou nas redes sociais que sua intenção é "ajudar as empresas a fazer a coisa certa", ensinando "políticas de integridade", ministrando lições "anticorrupção." Quanto altruísmo!
O ex-juiz escreveu também que não atuará em "casos de potencial conflito de interesses." Se um juiz chamado Sergio tivesse que interrogar o consultor Moro e ouvisse semelhante explicação, talvez exclamasse: "Ah, bom. Então, tá!"
Em português do asfalto, Sergio Moro mudou de ramo. Até ontem, perseguia bandidos. Agora, atende do outro lado do balcão. Beleza. Faturará bem mais do que quando recebia contracheques de juiz ou de ministro. O custo é o estilhaçamento da imagem de paladino.
Moro distancia-se das listas de presidenciáveis. Entre o saldo médio bancário e a carreira política, optou pelo bolso. Já não deve dispor de tanto tempo para reuniões com Luciano Huck ou jantares com João Doria. Precisa atender a uma nova clientela.
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