Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Jair Bolsonaro dá posse a Queiroga por pressão
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Foi por pressão, não por opção, que Jair Bolsonaro empossou Marcelo Queiroga no cargo de ministro da Saúde nesta terça-feira.
Na véspera de reunião em que discutirá a pandemia com os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário, o presidente foi informado de que ouviria críticas se comparecesse ao encontro desacompanhado do novo ministro da Saúde.
As críticas seriam mais ácidas se Bolsonaro surgisse diante dos interlocutores com o demitido Eduardo Pazuello a tiracolo.
Daí a posse organizada às pressas depois de ter sido retardada por oito dias. O evento foi praticamente sigiloso —fora da agenda, sem convidados, longe dos olhos da imprensa.
Num mundo lógico, ou pelo menos num mundo mais simples, o cardiologista Queiroga entraria no lugar do general Pazuello para promover mudanças.
Mas Bolsonaro classifica de "extraordinário" o trabalho do ministro demitido. E o "novo" titular informa de antemão que dará "continuidade" ao "extraordinário".
Com a pandemia a pino, o governo talvez pudesse considerar a hipótese de aperfeiçoar o "extraordinário". Mas Bolsonaro diz que o Brasil "dá exemplo".
De resto, o presidente já declarou que não vê motivos para mudar o seu "discurso". Por quê? "Não me convenceram ainda."
Mal comparando, Queiroga assume um Ministério da Saúde que se encontra submetido à dinâmica de um jogo de sinuca viciado.
Num país que se tornou epicentro mundial da pandemia, a caminho de colecionar 300 mil mortos, um cardiologista não se disporia a ser a "continuidade" de um general ineficaz.
Mas o mundo não é tão simples. No Brasil, as idiossincrasias anticientíficas de Bolsonaro mais parecem estratagemas para prevenir sua Presidência contra a lógica.
Queiroga assume o cargo já pela bola sete. Joga contra Bolsonaro, com as regras e os tacos do dono da mesa. E com os devotos do presidente apostando dinheiro no vírus.
Quer dizer: o novo ministro chega à Esplanada encaçapado três vezes. Não há o risco de dar certo.
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