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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Mourão sobre metas ambientais para futuro longínquo: 'Todos já viramos pó!'

Evaristo SA/AFP/Getty Images
Imagem: Evaristo SA/AFP/Getty Images

Colunista do UOL

22/04/2021 22h49

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Chefe do Conselho da Amazônia, Hamilton Mourão não participou da preparação do discurso de Bolsonaro na Cúpula do Clima. Ao excluí-lo, o presidente pode ter convertido o vice em versa. No encontro convocado por Joe Biden, Bolsonaro anunciou a antecipação em dez anos —de 2060 para 2050— da meta assumida pelo Brasil de zerar as emissões de gases do efeito estufa. Instado a comentar a reunião, o general, com refinada ironia, fez um comentário que pode levar o capitão a engrossar.

Sem mencionar o nome de Bolsonaro, Mourão disse que a abertura da cúpula climática "tinha desde grandes países até países bem pequenos. É mais uma carta de intenções que cada um colocou. E aí neguinho chega ali: 'Em 2060...'. Pô, nós todos já viramos pó!"

Questionado especificamente sobre o compromisso assumido por Bolsonaro, o vice considerou que a promessa futura faz parte do processo. Entretanto, soou mais preocupado com o presente: "O que nós temos que fazer, qual o nosso problema hoje? Claro, objetivo: temos que reduzir o desmatamento na Amazônia."

Considerando-se que Bolsonaro acordou para o meio ambiente depois que seu governo estragou o ambiente inteiro, não há razões para acreditar que Biden e os outros chefes de Estado deram crédito ao seu discurso. Levando-se em conta que o presidente escorou seus planos ambientais na obtenção de ajuda financeira internacional, pode-se concluir que o Brasil continuará ostentando a incômoda condição de mais antigo país do futuro do mundo.