Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Reprovado por 51% dos brasileiros, Bolsonaro ameaça fabricar um Apocalipse
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A impopularidade subiu a cabeça de Bolsonaro. Com o índice de reprovação batendo em 51%, segundo o Datafolha, o capitão declarou que não haverá eleição no ano que vem se a disputa não for limpa. Parece mesmo decidido a fabricar um Apocalipse em 2022.
"Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não teremos eleições", declarou o presidente, em conversa com um grupo de devotos, no cercadinho do Alvorada. Na véspera, ele já havia sinalizado a intenção de não aceitar o resultado das urnas se a proposta de voto impresso não for aprovada pelo Congresso.
Já virou rotina. Nas redes sociais ou no cercadinho, Bolsonaro proclama constantemente a sua disposição de fazer aos brasileiros o favor de resolver os problemas que eles não sabem que têm. Imaginava-se que os principais problemas do Brasil fossem:
1) A demora na conclusão da vacinação em massa contra a Covid;
2) A crise hídrica que eleva a conta de luz, impulsiona a inflação e ameaça a retomada do crescimento econômico;
3) A falta de vagas para absorver os 14,8 milhões de desempregados.
Nada disso. Bolsonaro esclarece que a prioridade nacional é o voto impresso. Tornou-se o primeiro presidente da história a tachar de fraudulenta uma eleição que ele venceu, em 2018, e outra que ainda nem disputou, em 2022.
A primeira vez que o capitão falou em público sobre fraude eleitoral foi em 9 de março de 2020. Disse que, não fosse pelas fraudes, teria vencido no primeiro turno a disputa de 2018. Afirmou que tinha provas. "Brevemente eu quero mostrar", ele prometeu. Um ano e quatro meses depois, nem sinal.
No final do mês passado, o Tribunal Superior Eleitoral intimou Bolsonaro a exibir as tais provas em 15 dias. O prazo já expirou. E nada. Como o vencimento do prazo ocorreu após o início do recesso do Judiciário, o TSE esticou o prazo até 2 de agosto. Bolsonaro dá de ombros.
As urnas eletrônicas funcionam no Brasil há 25 anos. O processo eleitoral é seguro, transparente e auditável. Presidente do TSE, Luis Roberto Barroso se espanta com o esforço para desacreditar o que funciona.
"Tivemos a eleição e a reeleição de Fernando Henrique, Lula e Dilma. Depois, a eleição de Bolsonaro. Que raio de sistema viciado é esse que permite alternância no poder?", indaga o presidente do TSE.
Numa democracia, é assegurada a todos a prerrogativa de se expressar livremente. Mas o direito de ser ouvido não inclui automaticamente o direito de ser levado a sério. De acordo com o Datafolha, a maioria dos brasileiros acha Bolsonaro é desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário e pouco inteligente.
Bolsonaro deve concorrer à reeleição, desde que tenha resultado a exibir. Com ou sem impressoras acopladas às urnas eletrônicas, será vitorioso se obtiver mais votos. Do contrário, volta para casa. Se criar problemas, descobrirá que o Brasil não é uma Venezuela.
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