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Josias de Souza

REPORTAGEM

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Celso de Mello compara a carta de Bolsonaro à nação a pacto de Hitler

                                Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Colunista do UOL

11/09/2021 05h58

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Ex-decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro aposentado Celso de Mello comparou a "Declaração à Nação" redigida por Michel Temer e assinada por Bolsonaro na última quinta-feira ao acordo de Munique, firmado em conferência organizada por Adolf Hitler em setembro de 1938. Para o ministro aposentado da Suprema Corte, o pretenso arrependimento de Bolsonaro pelas declarações golpistas que fez nas manifestações de 7 de Setembro pode se revelar uma farsa.

Em declarações feitas ao jornalista Diego Escosteguy, da newsletter O Bastidor, Celso de Mello escorou seu ceticismo em relação às reais intenções de Bolsonaro na "personalidade autocrática" e na "comprovada disposição" do presidente de "ultrajar a Constituição e de ignorar os limites que a Carta Política impõe aos seus poderes".

Na avaliação de Celso de Mello, é arriscado dar crédito aos termos da carta assinada por Bolsonaro. Ele indagou: a manifestação "constituiria mero recurso estratégico de Bolsonaro para iludir, mediante conduta desqualificada e tisnada pela eiva da farsa , aqueles que, fieis à Constituição —como os juízes do Supremo Tribunal Federal—, buscam implementar o necessário convívio harmonioso entre os Poderes da República?".

Celso de Mello duvida da sinceridade das palavras do presidente: "Se Bolsonaro revelar infidelidade ao que pactuou, terá dado plena razão à advertência segundo a qual a história, quando se repete pela segunda vez, ocorre como farsa". O ministro não afasta o risco de um golpe "daqueles que nutrem visceral desapreço pelo regime das liberdades fundamentais e pelo texto da Constituição".

Na opinião de Celso de Mello tornou-se imperativo organizar um movimento "para resistir e frustrar qualquer subversão da ordem democrática." Algo que constituiria "infame e desprezível ofensa à supremacia da Constituição."