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Para um pária internacional, encontro com Elon Musk é um troféu de campanha
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Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro mencionou, em timbre enigmático, um encontro reservado que teria nesta sexta-feira com "uma pessoa muito importante, reconhecida no mundo todo". Não disse o nome. Declarou apenas que "essa pessoa veio para ajudar nossa Amazônia." Ele se referia ao empresário sul-africano Elon Musk. Degustava antecipadamente a perspectiva de se reunir com Musk no interior de São Paulo, na cidade de Porto Feliz.
O convite a Elon Musk foi feito em novembro do ano passado pelo ministro Fábio Faria, das Comunicações. Num vídeo divulgado na época ao lado de Musk, com quem esteve nos Estados Unidos, Faria anunciou a intenção de firmar com o empresário parceria para levar internet a escolas e postos de saúde em áreas remotas da Amazônia. Seriam usados satélites da SpaceX, uma das empresas de Musk. Os mesmos satélites ajudariam a monitorar e preservar a floresta amazônica.
O déficit de conexão à internet nas regiões remotas do Brasil tem mesmo dimensões amazônicas. Mas negócios mirabolantes escorados apenas na saliva e trançados a poucos meses de uma eleição que pode representar o fim do governo valem apenas até certo ponto: o ponto de interrogação. Convém observar com um pé atrás as conversas de Musk com Bolsonaro, seus ministros e empresários brasileiros convidados a participar da pajelança de Porto Feliz. Quanto à preservação da floresta, o problema do governo Bolsonaro não é de escassez de satélites, mas de falta de vergonha na cara.
Contra esse pano de fundo, o encontro de Bolsonaro com Elon Musk, excluído da agenda presidencial, terá propósitos mais eleitorais do que comerciais. Chefe de um governo que se orgulha de ser pária no mundo, o presidente obteve uma oportunidade para ser pendurado nas manchetes nacionais e internacionais ao lado do homem mais rico do mundo, admirador de Donald Trump, candidato a dono do Twitter e mais novo ídolo do bolsonarismo.
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