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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Senado presenteia comitê de Bolsonaro com o sepultamento da CPI do MEC

Colunista do UOL

05/07/2022 17h28

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Uma semana depois de aprovar a PEC da reeleição, que permitirá a Bolsonaro distribuir mais de R$ 40 bilhões a eleitores pobres na boca da urna, o Senado presenteou o presidente com o sepultamento da CPI do MEC. Em parceria com a maioria dos líderes partidários, Rodrigo Pacheco, o chefe do Senado, estrangulou a oposição lulista com uma espécie de mata-leão regimental.

Pacheco fará nesta quarta-feira a leitura do requerimento da CPI do MEC, reconhecendo que foram cumpridas todas as exigências formais. O passo seguinte seria a instalação da comissão. Entretanto, ficou combinado que a maioria dos partidos deixará de indicar os seus representantes na CPI. Alega-se que, em função da temporada eleitoral, faltam mão de obra e isenção para a abertura de investigação sobre o balcão de negócios em que pastores traficaram verbas da Educação.

Para reforçar o argumento que serve aos interesses do Planalto, Pacheco levará ao plenário os requerimentos de outras três CPIs que aguardavam na fila. Se não há senadores nem disposição para iniciar uma investigação, que dirá quatro. Alega-se que a CPI do MEC será efetivamente deflagrada depois das eleições. Lorota. O regimento do Senado anota que comissões parlamentares de inquérito não podem ultrapassar o período da legislatura em que foram criadas. Uma investigação iniciada em novembro, após o segundo turno da eleição presidencial, jamais seria concluída até 23 de dezembro, quando termina a legislatura atual.

A oposição informa que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal para assegurar a instalação imediata da CPI. É improvável consiga obter liminar semelhante à que obrigou Pacheco a abrir a CPI da Covid. Escaldado, o chefe do Senado não engavetou o pedido. Dessa vez, os líderes é que empurrarão com a barriga a indicação dos membros da comissão. O Supremo tende a tratar a encrenca como assunto interno do Legislativo. Jogo jogado. À espera da votação em que a Câmara avalizará a emenda constitucional que eleva o Auxílio emergencial, dobra o vale-gás e ajuda a encher o tanque de caminhoneiros e taxistas, Bolsonaro solta fogos.