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Jefferson antecipa Capitólio tupiniquim, impondo recuo tático a Bolsonaro
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A resistência armada de Roberto Jefferson à ordem de prisão emitida por Alexandre de Moraes antecipou em uma semana a versão tupiniquim da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos. Bolsonaro foi compelido a transformar o aliado tóxico de herói da resistência em inimigo. Foi a senha para que a milícia digital bolsonarista despejasse nas redes sociais fotos de Jefferson ao lado de Lula e José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil petista. Horas depois da rendição de Jefferson, Bolsonaro repetiu em sabatina na TV Record o que havia anotado nas redes sociais: "É bandido".
Bolsonaro tenta blindar o plano que esboçou para 2022. Possui duas fases. Numa, passou para o segundo turno dinamitando as contas de 2023 e empurrando mentiras para dentro das redes sociais. Noutra, demonizou as urnas, equipando-se para reagir à eventual vitória de Lula no segundo turno com um Apocalipse à moda Trump. Ecoando ataques de Bolsonaro a magistrados, Jefferson firmou-se como cultor da ideia de ruptura democrática. Adepto da tese presidencial segundo a qual "o povo armado jamais será escravizado", o dono do PTB atirou prematuramente, num instante em que Bolsonaro tenta virar votos para não ter que virar a mesa.
Jefferson deixou Bolsonaro na posição paradoxal de ter que afagar seus radicais sem desprezar os votos moderados de que precisa para alcançar Lula. Na mesma postagem em que repudiou as granadas e os tiros que o ex-aliado disparou contra agentes federais, Bolsonaro atacou os "inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição"— referência aos processos sobre milícias digitais e notícias falsas, relatados no Supremo por Alexandre de Moraes. Criticou Jefferson por chamar Cármen Lúcia de prostituta. Mas atacou na sabatina da Record a censura imposta pelo TSE à Jovem Pan, com o voto da ministra.
Bolsonaro tenta tomar distância de Jefferson, acomodando no colo de Lula o delator e beneficiário da corrupção do mensalão. Entretanto, continua acorrentado ao plano alternativo da contestação do processo eleitoral. Declarou na sabatina noturna que as Forças Armadas continuam buscando "possíveis fraudes" em urnas que jamais foram fraudadas. Repetiu a mentira de que inquéritos da PF teriam concluído que seria impossível auditar urnas que todos sabem ser perfeitamente auditáveis. Quer dizer: mesmo tendo consciência de que precisa fazer pose de moderado, Bolsonaro manuseia retoricamente as mesmas armas de Jefferson.
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