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Figurino de Trump já não se ajusta às necessidades criminais de Bolsonaro
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Imitador barato de Donald Trump, Bolsonaro foi premiado pelo destino com a possibilidade de plagiar o seu modelo americano também num enredo criminal. Nesta terça-feira, Trump comparece ao tribunal em Manhattan para ser fichado e fotografado como réu no caso do suborno à atriz pornô Stormy Daniels. Apenas 24 horas depois, Bolsonaro será interrogado na Polícia Federal como investigado no caso das joias sauditas.
É como se o mito compartilhasse com o ídolo uma experiência de laboratório, um teste de stress. Atirados num tanque com água suja, Bolsonaro e Trump deslocam suas massas e suas idiossincrasias no líquido num mesmo sentido anti-horário. Os movimentos denunciam um desejo de voltar no tempo. O capitão e o magnata esperneiam na lama da mesma maneira. A diferença é que o imitador afunda mais facilmente.
Trump diz sofrer uma "caça às bruxas". Bolsonaro se declara "perseguido". A legislação americana permite a Trump manter sua candidatura à disputa presidencial de 2024 mesmo guindado à posição de réu. A sucessão no Brasil ainda é um ponto longínquo no calendário de 2026. E Bolsonaro pode ser declarado inelegível pelo TSE ainda neste semestre.
As pesquisas revelam que a vitimização fake fortalece momentaneamente a posição eleitoral de Trump. Ele dispõe do apoio de mais de 50% dos eleitores republicanos que escolherão nas primárias o candidato da legenda à Casa Branca. O PL de Bolsonaro, adaptando-se à ideia da inelegibilidade, tenta fazer dele pelo menos um injustiçado cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024.
A conexão entre Bolsonaro e Trump, antes restrita à ideologia e aos métodos, ampliou-se. Fora do Planalto e da Casa Branca, os dois tornaram-se colecionadores de processos judiciais. Coabitarão as manchetes político-policiais por longo período. A novidade é que o figurino de imitador, ironicamente, perdeu a serventia para Bolsonaro.
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