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PF caça policial civil 'Peligro' acusado de extorquir R$ 4 milhões do PCC
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A Polícia Federal tenta identificar um policial civil que se apresentava como Peligro em mensagens de WhatsApp, exigindo R$ 4 milhões para devolver 790 kg de cocaína do traficante de drogas Vinycius Soares da Costa, 33, o Evoque. A carga foi apreendida em 6 de agosto deste ano na Baixada Santista.
Quatro policiais civis, entre eles o ex-presidente do Santos Futebol Clube, Orlando Rollo, 44, foram presos acusados de desviar a droga. Segundo as investigações o quarteto apreendeu 958 kg de cocaína, mas apresentou 168 kg na delegacia onde a ocorrência foi registrada.
O que diz a investigação? Agentes federais apuraram que as negociações para o pagamento da propina aos policiais civis ocorreram dentro do 3ª DP de Santos e foram conduzidas por um policial civil que tinha um grupo no WhatsApp chamado "Todo lo peligroso se convierte em plata".
O nome é em alusão à frase atribuída ao megatraficante colombiano Pablo Escobar — chefe do cartel de Medellín e morto pela polícia em 2 de dezembro de 1993 naquela cidade. Na tradução do espanhol, o termo significa "tudo que é perigoso se converte em dinheiro".
A PF já tem suspeitas da identidade do "Peligro" brasileiro. As suspeições foram reforçadas após análises das imagens de câmeras de segurança do porto de Santos, onde o contêiner com a droga foi aberto para ser periciado por técnicos do IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Científica.
Os vídeos mostram um grupo de policiais civis acompanhando os trabalhos dos peritos do IC. Segundo as investigações, foi nesse momento que Orlando Rollo enviou um áudio para o advogado João Manoel Armôa Júnior, 47, advogado de Evoque, o dono da cocaína desviada.
Armôa é acusado de ter intermediado as negociações entre o narcotraficante Evoque e os policiais civis acusados de desviar a droga e exigir propina. A PF acredita que foram pagos ao menos R$ 2 milhões.
Peligro articulou o acerto. Até hoje ninguém soube dizer onde foram parar os 790 quilos de cocaína desviados. A informação que se tem é a de que a droga seria entregue no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para integrantes da facção ADA (Amigo dos Amigos), aliada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) ao qual Evoque é apontado como integrante.
Os policiais federais chegaram às mensagens de WhatsApp trocadas entre Rollo, Peligro e Armôa após apreender o telefone celular do advogado. Armôa, Evoque, o ex-presidente do Santos e os outros três policiais civis colegas dele estão presos preventivamente.
A Polícia Civil procura Tiago Lima Gregório, 36, o motorista do caminhão que transportava a cocaína desviada. Antes de serem presos, os policiais civis disseram em depoimento na delegacia que no dia da apreensão ele abandou o veículo e fugiu. No caminhão havia uma pistola Glock 9 mm e 16 cápsulas.
Assim como os demais acusados, Tiago também teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Walter Luiz Esteves de Azevedo, da 5ª Vara Criminal de Santos. O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) ofereceu denúncia contra todos eles no último dia 14.
Além da Polícia Federal, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Santos, subordinado ao MP-SP, também tenta apurar a identidade de Peligro. As investigações continuam e novas prisões podem ocorrer nas próximas semanas.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos acusados nesta quinta-feira (22), mas publicará a versão dos defensores assim que houver um posicionamento.
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