O que se sabe sobre o assassinato do empresário encontrado morto em SP
O empresário Carlos Alberto Felice, 77, foi assassinado a pauladas dentro da própria casa, no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, no dia 12 de julho. A polícia identificou dois suspeitos de envolvimento no crime. Um deles foi preso e o outro está foragido.
O que se sabe sobre o caso
Carlos Alberto Felice foi encontrado morto com sinais de tortura no dia 16 de julho. A família dele desconfiou que algo poderia ter acontecido, já que o empresário não respondia mensagens e não era visto desde o dia 12 de julho. A Polícia Militar foi acionada e os agentes encontraram o corpo dele na garagem do imóvel.
Corpo estava coberto com tapete. Pés e mãos estavam amarrados com um fio elétrico. Um pedaço de madeira também foi encontrado ao lado da vítima. A polícia acredita que ele foi morto a pauladas com o objeto, que tinha manchas de sangue.
O empresário morava sozinho. Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.
Carlos também não tinha funcionários na casa. Ele gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança. Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.
A vítima passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do pai e da esposa.
O caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte. A apuração, conduzida por policiais da 1ª Delegacia Patrimônio, contaram com apoio da UIP (Unidade de Inteligência Policial) do Deic.
Venda da casa por R$ 4,5 milhões
Empresário vendeu a casa onde foi morto por R$ 4,5 milhões em 2023. Ele continuou morando no imóvel, já que a transação não havia sido concluída. A investigação da polícia apontou que ele recebeu apenas um sinal da venda, cerca de R$ 350 mil, quantia que usou para quitar dívidas.
Boato de que ele teria R$ 3,5 milhões em espécie dentro da casa circulou no bairro. Os investigadores ainda não sabem como a notícia começou a circular. A principal linha de investigação é de que os suspeitos entraram na casa do idoso para roubar a quantia, que não existia.
Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado Fábio Pinheiro, diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), explicou que Carlos guardava em casa algo em torno de R$ 30 mil e R$ 50 mil.
Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa.
Como a polícia chegou aos suspeitos
A polícia solicitou a lista de funcionários que trabalhavam em uma obra vizinha ao local do crime. Um imóvel desocupado dividia a residência da vítima da construção.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberDois suspeitos foram identificados. Eles são Jordan Magalhães Nogueira, 20, e Rafael Procópio da Conceição, 26. Ambos trabalhavam como ajudantes de obra. Eles não foram trabalhar no dia seguinte da morte do empresário.
A polícia usou o "rastreamento da ERB", sigla para estação radio-base. A ERB é a antena com a qual o aparelho celular "se comunica" quando há ligações, o que permite saber onde a pessoa esteve. Segundo a investigação, a ERB usada por Rafael também foi utilizada pelo celular da vítima no dia seguinte ao da sua morte.
Rafael foi preso na quarta-feira (24). Ele tem antecedentes criminais por roubo e tráfico de drogas.
Jordan não tem passagem pela polícia e está foragido. Ele não é visto desde o dia do crime. A perícia encontrou vestígios de impressões digitais de Jordan no carro de Carlos, roubado no dia do crime.
Câmeras de segurança da vizinhança foram essenciais na investigação. As imagens mostram um homem, que a polícia acredita ser Jordan, andando entre telhados de casas vizinhas a do empresário em 11 de julho, um dia antes do crime. A investigação aponta que ele dormiu em cima do telhado e pulou na casa da vítima na manhã do dia 12 de julho.
A polícia diz que o criminoso permaneceu com Carlos das 8h às 17h48 do dia 12 de julho. Câmeras de segurança também registraram o momento em que um homem deixa a casa dirigindo o carro de Carlos Alberto.
O idoso foi torturado, mas a polícia não sabe precisar por quanto tempo. Para a polícia, Jordan Magalhães Nogueira é um dos executores. As investigações também apontam que Rafael indicou Jordan para trabalhar na obra.
Imagens não mostram Rafael no telhado. A polícia ainda não tem certeza se ele esteve na cena do crime. Ele negou participação no assassinato. Segundo o delegado Fábio Pinheiro, a perícia constatou que o telefone dele indica que ele estava na região quando o crime foi cometido.
Objetos da vítima foram encontrados na casa de Jordan
Os policiais apreenderam vários objetos da vítima casa de Jordan. Entre eles, estão bebidas, dinheiro em espécie, a chave do carro da vítima e documento do carro do empresário queimado.
O suspeito também teria comprado móveis novos com o dinheiro roubado. A polícia encontrou uma nota fiscal que comprova a data em que móveis foram adquiridos. Investigadores também constataram, em perícia na casa do suspeito, que o mobiliário era novo.
Carro da vítima foi localizado pela Polícia Militar. Suspeitos trocaram a placa do veículo, o que, segundo a polícia, dificultou a localização. O automóvel foi encontrado no Capão Redondo, na zona sul da capital, na terça-feira (23). O carro estava sem chave e com vidros parcialmente abertos.
Veículo será periciado. Foi solicitada perícia dactiloscópica para auxiliar nas investigações. Peritos tentam localizar vestígios dos suspeitos e impressões digitais que possam ajudar a esclarecer o crime.
Placa verdadeira do carro foi localizada na quinta-feira (25). Policiais encontraram, próximo à casa de Jordan, a placa verdadeira do veículo do empresário, amassada, e a roupa que Jordan teria usado no dia do crime.
A partir do momento em que ele matou seu Carlos, o Jordan ficou andando com o carro da vítima na quebrada dele, foi fazer compras com o carro, equipou praticamente a casa todinha, até talheres ele comprou, como se nada tivesse acontecido.
Delegado Fábio Pinheiro
O que falta descobrir
A polícia diz que outras pessoas podem estar envolvidas no crime. "Vamos verificar a participação de outras pessoas, ainda que de forma indireta", ressaltou o delegado Fábio Pinheiro.
Delegado ainda aguarda os resultados das perícias. Na bota de Rafael, por exemplo, foi encontrada uma substância vermelha. Amostra será analisada para determinar se mancha seria sangue de Carlos Alberto.
Bilhetes encontrados na casa da vítima também passam por perícia. A polícia acredita que os criminosos se comunicavam com o empresário por pequenos bilhetes para não serem identificados pela voz. Eles estavam provavelmente mascarados.
Rafael nega participação no crime
Ajudante de obra disse que estava na casa dele no momento do crime. Rafael Procópio da Conceição, 26, afirmou que mora no bairro do Jardim Ângela, no extremo sul, a cerca de 20 quilômetros de distância da residência da vítima, no Jardim Europa, na zona oeste.
Suspeito declarou que o celular estava com ele quando o empresário foi morto. "Não tenho [envolvimento no crime]. Estou falando com minha total certeza. Eu sou trabalhador, um homem de bem", disse Rafael ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes).
Advogado de defesa reforça que cliente não é autor, nem participou do crime. O defensor, que não teve o nome divulgado pela emissora, apontou que há "indícios" de que o celular do cliente estava na região do local do crime no dia do fato, mas não no horário em que Carlos teria sido morto. Ele também reforçou que Rafael arrumou um emprego para Jordan.
Rafael também explicou por que não foi trabalhar na sexta-feira (12), dia em que o empresário foi morto. O ajudante de obras se limitou a dizer que estava com "problemas de saúde" e não pôde comparecer ao trabalho na data.
O UOL não localizou a defesa de Jordan para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.