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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Chefe do PCC abriu 7 igrejas evangélicas com dinheiro do tráfico, diz MP

Armas e celulares apreendidos na operação Plata - Divulgação/MPRN
Armas e celulares apreendidos na operação Plata Imagem: Divulgação/MPRN

Colunista do UOL

14/02/2023 11h48

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O preso Valdeci Alves dos Santos, 51, o Colorido, apontado como integrante do alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital), é acusado de lavar R$ 23 milhões provenientes do tráfico de drogas para abrir sete igrejas evangélicas e comprar imóveis, fazendas e rebanhos bovinos.

Segundo o MPRN (Ministério Público do Rio Grande do Norte), Colorido, o irmão dele Geraldo dos Santos Filho e a mulher de Geraldo abriram ao menos sete igrejas evangélicas no território potiguar e no estado de São Paulo.

Procurada pela reportagem, a defesa de Colorido não quis se manifestar porque não teve acesso aos autos. A coluna não conseguiu contato com os advogados de Geraldo dos Santos Filho e de familiares dele, mas publicará a versão de todos assim que houver uma manifestação.

O MPRN deflagrou hoje a operação Plata para apurar a lavagem de dinheiro da facção criminosa. Foram cumpridos sete mandados de prisão e 43 de busca e apreensão no Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará, Paraíba e Distrito Federal. Na operação, foram apreendidos armas, celulares e outros objetos.

As investigações tiveram início em 2019 e, de acordo com o MPRN, o esquema começou há mais de duas décadas e era liderado por Colorido, atualmente preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde foi cumprido um novo mandado de prisão contra o acusado.

Geraldo é apontado pela Promotoria de Justiça potiguar como o braço direito de Colorido. Conhecido como Pastor Júnior, ele foi preso em 2019 em São Paulo sob a acusação de uso de documento falso e cumpria pena em regime semiaberto.

Como funcionava o esquema

Os irmãos são acusados de ocultar e dissimular os recursos provenientes do tráfico de drogas por meio de "laranjas" recrutados em várias regiões do Brasil. O MPRN informou que os bens eram comprados em nome dos irmãos, filhos e cunhados e sobrinhos de Geraldo e Colorido.

Além dos dois irmãos, outros cinco mandados de prisão foram expedidos, sendo que um dos alvos era pessoa de confiança dos chefes do esquema. Ela tinha a função de "tesoureiro" do grupo no Rio Grande do Norte.

Já os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em seis cidades potiguares (Natal, Jardim das Piranhas, Parnamirim, Caicó, Assu e Messias Targino) e em sete de São Paulo (São Paulo, Araçatuba, Itu, Sorocaba, Tremembé, Votorantim e Araçoiaba da Serra).

Outros mandados foram cumpridos em Brasília, Fortaleza, Balneário Camboriú (SC), Picuí (PB), Espinosa (MG), Serra do Ramalho (BA) e Urandi (BA).

Bens bloqueados

Por determinação do MPRN, o passaporte de um dos filhos de Colorido foi apreendido. Oito acusados de participação no esquema de lavagem de dinheiro serão monitorados por meio do uso de tornozeleira eletrônica. No total, 24 pessoas são investigadas na operação.

A Justiça ordenou o bloqueio e a indisponibilidade dos bens dos acusados até o limite de R$ 23.417.243,37 relacionados a 28 contas bancárias abertas pelos suspeitos.

Colorido estava foragido desde 13 de agosto de 2014, quando deixou o CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Valparaíso (SP) na saidinha temporária do Dia dos Pais. Ele foi capturado em 16 de abril do ano passado em Salgueiro (PE).

Ele estava em uma caminhonete Hilux branca quando o veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em uma blitz. Colorido apresentou uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) falsa. O criminoso foi conduzido por agentes a uma delegacia, quando a sua verdadeira identidade foi descoberta.

Natural de Jardim de Piranhas (RN), o detento foi transferido para a Penitenciária Federal de Brasília quatro dias depois de ser capturado.