Josmar Jozino

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Jovem é acusado de matar PM em SP dois dias após completar maioridade penal

Dois dias após completar a maioridade, Fabrício Júnior Campos de Oliveira, 18, nascido em 28 de junho de 2005, foi apontado como autor de um crime grave: ter assaltado e matado com um tiro no peito o policial militar Marcelo Cosmo Silva dos Santos, 40.

O crime aconteceu no dia 30 de junho deste ano, nas proximidades da avenida Sapopemba, zona leste. O PM havia anunciado a venda de telefones celulares pela internet e foi atraído por falsos compradores até o local, onde acabou emboscado por dois homens.

Fabrício foi capturado na última quinta-feira (3) no Conjunto Habitacional José Bonifácio, em Itaquera, zona leste. Ele estava com prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça.

Em depoimento à delegada Renata Barrote Silva Nogueira, do 70º DP (Sapopemba), o preso alegou ser inocente. O suspeito admitiu ter cometido outros delitos, mas negou veementemente a participação no latrocínio (roubo seguido de morte). Afirmou que no dia dos fatos estava na casa da mãe dele, onde ficou o tempo todo, e só soube do crime por grupos de WhatsApp.

Um casal, também preso, apontou Fabrício como o autor do disparo que matou o PM. Segundo a Polícia Civil, outra vítima, atacada pela quadrilha no mesmo dia do assassinato do PM, o reconheceu como um dos ladrões que tentaram roubá-la.

A coluna apurou que, algumas horas após a morte do PM Cosmo, a foto de Fabrício foi postada em redes sociais, supostamente por policiais, responsabilizando-o pelo latrocínio.

Preocupado com a integridade física de Fabrício, o pai dele procurou a Corregedoria da Polícia Militar para negociar a possível apresentação do filho às autoridades. O suspeito, no entanto, foi detido na manhã seguinte, durante cumprimento do mandado de prisão temporária.

O que diz a defesa do preso

O advogado Jefferson Prudêncio de Lima contestou a prisão do cliente e disse, em nota enviada à reportagem, que "infelizmente primeiro se prende para depois ir atrás do suporte probatório mínimo que justifique a medida".

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Segundo o advogado, "a função representativa da prisão imediata é utilizada para construir uma falsa noção de efetividade da justiça". A nota diz que "essa urgência é uma resposta rápida para uma parte da sociedade e meios de comunicação, sobretudo quando se apura a morte de um policial militar".

Para Prudêncio de Lima, "não existem provas da participação do investigado, muito menos contexto que explique, de maneira detalhada, a dinâmica e quem foram os responsáveis deste crime bárbaro que ceifou a vida de um trabalhador".

A nota informa ainda que "Fabrício Júnior Campos de Oliveira se declara inocente e a defesa irá pedir a revogação da prisão temporária dele para ser substituída por medidas cautelares diversas e adequadas ao caso".

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