Polícia levou cinegrafista em ação na casa da família de chefe do PCC em SP
![Picho do PCC em Pedro Juan Caballero, no Paraguai Picho do PCC em Pedro Juan Caballero, no Paraguai](https://conteudo.imguol.com.br/2d/2020/10/06/menina-brinca-em-quadra-com-picho-do-pcc-em-pedro-juan-caballero-no-paraguai-1601976403567_v2_450x450.jpg)
Aconteceu três anos atrás. Era final de uma madrugada quente de verão. Familiares de um preso tido como um dos chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do Brasil, dormiam tranquilamente em uma casa num condomínio de classe média em São Paulo.
O sogro do presidiário estava em um quarto, a sogra em outro, e a cunhada em um terceiro aposento. A mulher do integrante da facção criminosa repousava na cama com a criança caçula. Os outros filhos também dormiam.
"É polícia!" O sono da mulher foi bruscamente interrompido com os berros de um investigador. Ela acordou assustada, ainda sem entender nada, com uma arma de longo alcance apontada para a cabeça. Os gritos despertaram os demais moradores. Todos ficaram em pânico.
O investigador e outros agentes, incluindo um delegado da Polícia Civil, foram ao endereço com a missão de dar cumprimento a um mandado de busca e apreensão autorizado pela Justiça de São Paulo.
A família é investigada por suposto envolvimento com o crime organizado, mas sempre alegou inocência.
Segundo relatos da mulher do preso, narrados à reportagem por uma fonte, a entrada policial no imóvel não foi nada pacífica. Um dos agentes pulou o muro da residência e depois usou chave micha para arrombar uma das portas e ter acesso à casa.
Um dos policiais subiu ao andar superior e foi direto para o quarto da mulher do presidiário. O pai, a mãe e a irmã dela também foram surpreendidos e se assustaram com a abordagem. Um dos filhos do prisioneiro ficou em choque e não parou de chorar.
Ele foi usado como escudo por um dos agentes e levado sob a mira de um fuzil para outro quarto. A tia fez apelo ao investigador para que não apontasse a arma em direção ao sobrinho. "É apenas uma criança", implorou. E a mãe suplicou: "Pelo amor de Deus baixa essa arma".
Escondido na viatura
Todos foram conduzidos ao térreo. Tiveram de permanecer sentados no sofá. Só depois disso a cunhada do preso foi autorizada a abrir a porta para um delegado. Foi nesse momento que ele leu os termos do mandado de busca e apreensão no imóvel.
Os policiais reviraram a casa inteira à procura de possíveis provas contra os investigados. Abriram gavetas e armários. Revistaram tudo. Olharam até debaixo dos colchões. Nem os livros foram poupados. Apreenderam diversos objetos.
De acordo com a fonte da reportagem, nos relatos a mulher do preso contou que o "espetáculo" ainda não havia acabado.
Ela disse que, para sua surpresa, um cinegrafista entrou no condomínio escondido em uma viatura da polícia, já que a portaria do residencial tinha barrado a presença da imprensa.
A mulher narrou que um dos policiais era o mais agressivo e perguntava insistentemente onde estava escondido o dinheiro do marido dela. "Cadê a caixa d'água? Eu sei que a grana está escondida lá", dizia o agente aos familiares do preso. Ela respondeu que não tinha um centavo dele.
A fonte não soube dizer à reportagem os nomes dos policiais civis envolvidos na ação, nem o departamento em que atuavam. Ela informou, no entanto, que o processo contra a família do detento continua em andamento em uma vara criminal de São Paulo.
Os familiares do preso disseram ter ficado traumatizados com o episódio. Os filhos do casal quase foram expulsos da escola. Os vizinhos cortaram a amizade com todos.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA mulher disse à fonte que até hoje acorda assustada em casa, no final da madrugada, temendo outra invasão policial.
Deixe seu comentário