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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Atos exigem que Lira tire impeachment de Bolsonaro da gaveta, diz Boulos

O presidente Jair Bolsonaro engajou-se na campanha de Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara                              - REPRODUçãO/REDES SOCIAIS
O presidente Jair Bolsonaro engajou-se na campanha de Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara Imagem: REPRODUçãO/REDES SOCIAIS

Colunista do UOL

03/07/2021 10h55

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"O que restava para Bolsonaro, após mais de 520 mil mortos e uma economia devastada, era se apoiar no discurso mentiroso de que lutava contra a corrupção. Mas ele perdeu até isso com a revelação do escândalo da compra de vacinas. As ruas estão lembrando, neste sábado, que os deputados não podem ignorar isso e precisam analisar o impeachment."

A avaliação foi feita à coluna por Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e um dos organizadores dos protestos, deste sábado (3), contra o presidente da República e sua política diante do enfrentamento da covid-19.

As manifestações do "3JForaBolsonaro", previstas para ocorrer em mais de 300 cidades do Brasil e do exterior, estão sendo puxadas por movimentos e organizações sociais, sindicatos e entidades estudantis e contam com o apoio de partidos da esquerda à direita. Estavam marcadas para o final do mês, mas foram adiantadas por conta das acusações relacionadas à compra de vacinas.

Guilherme Boulos, que disputou a prefeitura de São Paulo pelo PSOL, afirma que a corrupção sempre rondou Bolsonaro, citando como exemplo o caso das "rachadinhas" - o desvio de recursos de salários de servidores de gabinetes da família. Contudo, agora, teríamos um caso de corrupção de Estado para beneficiar aliados no Congresso.

Jair Bolsonaro tem sido acusado pela oposição de prevaricação por se omitir diante das evidências de que a negociação para a compra da indiana Covaxin demonstrava cambalacho. Após ser informado do problema pelo deputado Luiz Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, um servidor do Ministério da Saúde que descobriu as irregularidades, o presidente teria dito que isso era coisa de Ricardo Barros (PP-PR), seu líder na Câmara. E que acionaria o diretor-geral da Polícia Federal para investigar.

Coisa que não fez. Pressionado, o governo primeiro disse, através do ministro Onyx Lorenzoni, que a denúncia era feita com base em documentos forjados. Depois, afirmou que o caso foi encaminhado ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Detalhe: um dia antes dele deixar a pasta. De qualquer forma, o ministério nada fez e apenas suspendeu o contrato quando o caso ganhou os holofotes da CPI da Covid e da imprensa na última terça (29).

"O caso da vacina Covaxin fez com que a possibilidade real do impeachment entrasse na agenda política do país por que cria uma crise na própria base de Bolsonaro", afirma.

Boulos aponta que um dos principais focos das manifestações será o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), responsável por analisar os pedidos de impeachment.

Há, neste momento, 125 pedidos aguardando a avaliação de Lira, entre eles o "superpedido" apresentado na última quarta (30), com parlamentares da esquerda e da direita liberal, movimentos e organizações sociais.

Estão em uma espécie de limbo: não foram negados, nem aceitos, permanecendo engavetados. Lira afirmou, nesta semana, que não pretende analisar nenhum deles por enquanto e que falta "materialidade". O presidente da Câmara e líder do centrão foi eleito com o apoio do presidente da República.