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Marcha contra a fome e o governo Bolsonaro ocupa o centro de São Paulo
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O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo sem Medo realizaram uma marcha para protestar contra a fome e o governo Jair Bolsonaro em São Paulo, na tarde deste sábado (13). Outras marchas estavam programadas para acontecer em, pelo menos, dez grandes cidades do país.
Na capital paulista, os manifestantes se concentraram próximo à estação Paraíso do metrô e caminharam até a praça da Sé, onde um ato ecumênico foi celebrado pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, pelo pastor Ariovaldo Ramos, coordenador nacional da Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito, entre outros. Os organizadores estimam em 20 mil participantes.
Em meio à Marcha contra a Fome, o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, afirmou à coluna que o objetivo das manifestações é sensibilizar a população para a necessidade de garantir segurança alimentar aos mais vulneráveis, mas também protestar contra o aumento no preço do gás de cozinha e da comida, contra o fim do auxílio emergencial e o fim do Bolsa Família - substituído pelo Auxílio Brasil pelo governo federal.
Para ele, a grave insegurança alimentar que o país vive neste momento da pandemia é responsabilidade direta do presidente e do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Milhões estão indo dormir à noite com fome todos os dias, situação que poderia ser evitada se o presidente não fosse Bolsonaro, com sua política genocida".
Além da capital paulista, marchas também estavam programadas para acontecer no Rio de Janeiro, em Brasília, Belo Horizonte, Maceió, Aracaju, Porto Alegre, Recife, Boa Vista, Goiânia, entras cidades. Além das organizações que fazem parte da Frente Povo Sem Medo e integrantes das ocupações, participam os responsáveis pelas cozinhas solidárias do MTST, que vêm servindo refeições às comunidades carentes durante a pandemia.
"Vamos seguir nas ruas. A fome não espera até as eleições", afirma Boulos.
Imagens de pessoas revirando o lixo para comer têm sido mais frequentes
Desde o final de setembro, imagens da fome (como as de famílias revirando o conteúdo de uma caçamba de lixo em Fortaleza e de pessoas disputando restos de carne e ossos antes distribuídos aos cachorros no Rio de Janeiro), viralizaram pelas redes, tornando-se simbólicas da carestia.
De acordo com pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 19,1 milhões passaram fome em um universo de 116,8 milhões que não tiveram acesso pleno e permanente à comida no final de 2020. Os famintos eram 9% da população, a maior taxa desde 2004. Os números, claro, já estão desatualizados.
Bolsonaro suspendeu o auxílio emergencial por 96 dias, bem no auge da covid-19, no início deste ano. E só o retomou após grande pressão social, com valores insuficientes para comprar 25% da cesta básica. Enquanto isso, o dólar disparou devido à instabilidade criada pelo próprio presidente, que ameaçou um golpe de Estado, e pela falta de projeto de seu governo para a economia. O dólar mais alto impactou no preço do petróleo e, portanto, do gás de cozinha e dos combustíveis e, por conseguinte, na inflação no preço dos alimentos.
Por fim, o governo é acusado de estender a pandemia devido às suas ações negacionistas e suas omissões diante da covid-19. Uma pandemia mais longa significou mais problemas para a economia, mais desemprego e mais mortos.