Topo

Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Bolsonaro e Moro 'perderiam' para brancos e nulos num 2º turno entre ambos

Adriano Machado/Reuters
Imagem: Adriano Machado/Reuters

Colunista do UOL

29/01/2022 11h27

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) aparecem numericamente atrás do total de votos brancos e nulos somados aos eleitores que não quiseram ou souberam responder a pesquisa Ipespe, que simulou um altamente improvável segundo turno entre ambos.

Moro teria 35%, Bolsonaro, 28%, enquanto a massa dos que não votariam em nenhum dos dois somada ao pessoal que não sabe e não quis responder chegaria a 37%. Como a margem de erro é de 3,2 pontos, há um empate técnico entre Moro e o pessoal que não se sente atraído por nenhum dos dois. No levantamento anterior do Ipespe, Moro aparecia com 36%, brancos, nulos e sem resposta, 35% e Bolsonaro, 29%.

A pesquisa também avaliou os cenários hipotéticos de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Lula e Moro, Lula e Ciro, Lula e Doria, Ciro e Bolsonaro e Doria e Bolsonaro, mas a única simulação em que a rejeição ou a dúvida fica numericamente em primeiro lugar é quando a disputa fica entre Jair e Sergio.

Com duas opções à direita que contam com alta rejeição (64% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro e 53% em Moro, segundo a Ipespe), eleitores de esquerda e de parte do centro se sentiriam hoje politicamente órfãos. E ficariam em dúvida do que fazer.

Isso não aconteceria se o segundo turno ocorresse com duas opções mais à esquerda. Numa disputa entre Lula e o ex-governador Ciro Gomes, o resultado seria 51% a 25%, com brancos, nulos e os que não responderam marcando 24%. No primeiro turno, Lula marca 44%, Bolsonaro, 24%, Ciro e Moro, 8%.

Semana termina com boas notícias para Lula e más para Bolsonaro e Moro

Esta semana terminou com boas notícias para o líder petista, que viu o processo pelo tríplex ser arquivado na Justiça Federal de Brasília após pedido do Ministério Público Federal que justificou prescrição.

Isso ocorre porque o Supremo Tribunal Federal, ao considerar que a Vara Federal de Curitiba não era o foro correto para o caso e que o então juiz Moro não foi imparcial no julgamento, acabou invalidando também as provas coletadas. O processo teria que começar do zero.

No sentido contrário, Bolsonaro viu a Polícia Federal afirmar que ele cometeu crime ao participar do vazamento ilegal de dados públicos - dados que ele deturpou e usou para atacar a urna eletrônica. E entrou em embate com o STF, ao se negar cumprir uma ordem do ministro Alexandre de Moraes para depor nesse inquérito.

Já Moro foi pressionado por acusações de conflito de interesses por ter trabalhado nos Estados Unidos como consultor da Alvarez e Marçal, que tinha como clientes empresas que foram alvo do então juiz federal quando cuidava da Lava Jato.

Nesta sexta (28), ele revelou em live que recebeu, ao menos, R$ 3,7 milhões por um ano de serviço - no câmbio de hoje. Nega que tenha lidado com empresas atingidas pela Lava Jato, mas também se nega a dizer para quem prestou consultoria. Por conta disso, o candidato à Presidência continuará sendo cobrado publicamente por mais transparência.