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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Lula, Bolsonaro e Doria: Qual padrinho mais ajuda? E qual mais atrapalha?

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Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

01/04/2022 17h58

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Fernando Haddad (PT), ex-prefeito da capital paulista, cresce de 35% para 41% com a informação de que será apoiado por Lula. O desconhecido ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai de 15% a 27% quando o eleitor fica sabendo que Bolsonaro está por trás dele. Já o atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) permanece na mesma, indo de 8% para 9%, quando avisado que João Doria lhe confere apoio político.

Os dados da última pesquisa Quaest/Genial sobre a eleição para o governo paulista desenham o tamanho da encrenca para Garcia, que assumiu o governo do Estado de São Paulo com a renúncia de Doria. O tucano, que deu um drible da vaca no próprio partido, nesta quinta (31), dizendo que ficaria no cargo e depois renunciando para disputar o Planalto, periga ficar sem time para jogar o campeonato.

Candidatos à Presidência da República têm que estabelecer uma simbiose com postulantes aos governos dos estados, principalmente populosos. Precisam do palanque deles para conseguir votos, mas também devem ajuda-los a melhorar a sua votação. Afinal, nenhum dos dois lados quer carregar peso morto nessa ladeira acima chamada eleição.

Lula e Bolsonaro estão em costuras avançadas na maioria do país para garantir palanques, como Romeu Zema e Alexandre Kalil, em Minas Gerais, e Cláudio Castro e Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, a terceira via patina exatamente por não demonstrar que têm algo a oferecer a pré-candidaturas, conseguindo atrair, por obrigação, os que já são de seus partidos.

O governo Doria tem 46% de rejeição em São Paulo e apenas 17% de aprovação, segundo a Quaest. Os bolsonaristas vão tentar colar a imagem de Doria em Garcia para lembrar que um era vice do outro. O governo Bolsonaro tem 53% de avaliação negativa e 23% de positiva entre os paulistas, ou seja, os tucanos também vão fazer de tudo para lembrar que Tarcísio é Jair até o osso.

Tarcísio precisa colar em Bolsonaro num primeiro momento, mas depois garantir que a rejeição do padrinho (grande em São Paulo) não cole nele. Já Garcia, que conta com as dezenas de bilhões dos cofres paulistas, tem que usar as vitrines do governo, principalmente a vacinação e algum crescimento econômico, deixando Doria o mais distante possível. O que vai ser difícil, porque o ex-governador vai lembrar o tempo todo que os dois eram unha e carne a fim de se cacifar e afastar Eduardo Leite.

Garcia e Tarcísio devem disputar a vaga mais à direita no segundo turno paulista. A vaga mais à esquerda deve ficar com Haddad, se Márcio França (PSB) desistir.

Haddad terá pela frente o antipetismo, muito forte no interior de São Paulo, apesar de ser considerado por muitos como um "petista light". Ele tem o recall de ter sido prefeito da capital e candidato derrotado na eleição presidencial de 2018, mas, principalmente, de ser o provável candidato de Lula - que está na frente das pesquisas. Beneficia-se diretamente de um embate com o candidato do bolsonarismo por conta da situação econômica, apontada o principal problema pelos brasileiros.

A eleição de São Paulo está atrelada à eleição federal pela aprovação e rejeição dos postulantes e, principalmente, de seus padrinhos. É possível afirmar, portanto, que se ambas as eleições forem ao segundo turno, com o petismo e o bolsonarismo, quem ganhar na nacional, leva também São Paulo.