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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Se não tomar cuidado, Simone Tebet pode ir parar no mesmo lugar que Doria

Colunista do UOL

23/05/2022 16h20

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Agora que João Doria foi desistido do posto de pré-candidato tucano à Presidência da República, há um naco do PSDB que quer Eduardo Leite no lugar, sob a justificativa de que o ex-governador gaúcho ficou em segundo lugar nas prévias. Afirmam que o partido sempre teve candidato próprio desde 1989.

Se isso acontecer, Doria pode, com razão, chamar a manobra de golpe. Será um golpe com reviravoltas, tipo Scooby-Doo, mas ainda assim, um golpe.

Em meio à guerra que se estabeleceu com Doria pela indicação do partido, Leite disse que disputaria novamente o governo do Rio Grande do Sul, submergindo temporariamente. É difícil imaginar que, agora, ele negaria um "chamado" de sua legenda para a missão nacional que tanto desejara.

Ainda mais agora que Rodrigo Garcia não carregará mais o peso de João Doria (que não lhe agregava voto, apenas rejeição por osmose) em sua difícil caminhada para continuar despachando do Palácio dos Bandeirantes. O tucanato, outrora nacionalmente poderoso, agora luta para manter seu feudo tradicional.

Os presidentes do PSDB, do Cidadania e do MDB apontaram para Simone Tebet como A Favorita do grupo - novela baseada em uma pesquisa que comparava a expectativa de crescimento do ex-governador paulista com a da senadora. Mas não com a do ex-governador gaúcho.

Ele pode aceitar o posto de vice na chapa, como já disse que faria de bom grado. Mas dado o apetite de determinados tucanos, é bom que Tebet tome cuidado.

Se não crescer nas intenções de voto até a época das convenções partidárias daqui a dois meses, pode surgir nova pesquisa mostrando que Leite tem mais potencial que ela, exigindo uma troca de posições ou empurrando-a para o mesmo lugar que Doria. O que seria o golpe do golpe.

Independentemente da conformação final da chapa, há quem esteja feliz com as coisas do jeito que estão no MDB e mesmo no PSDB. Acreditam que nem ela, nem ele decolam. Isso permitirá que os seus candidatos a governos estaduais, às Assembleia e ao Congresso decidam se querem aparecer abraçados com Lula ou com Bolsonaro no santinho, sem dor no coração.