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Jefferson age como jagunço de Bolsonaro em agressão ao STF e às mulheres
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Uma vez que Jair Bolsonaro não pode ofender uma mulher por medo de perder votos na reta final da eleição, o seu aliado Roberto Jefferson assumiu a tarefa de atacar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, após ela votar a favor de três direitos de resposta a Lula contra a Jovem Pan.
"Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas, arrombadas, né? Aí que viram para o cara e dizem: 'E, benzinho, no rabinho, nunca dei o rabinho, pela primeira vez. É a primeira vez'. Ela fez pela primeira vez, ela abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez. Ela diz assim: 'é inconstitucional, censura prévia é contra a súmula do Supremo', mas é só dessa vez benzinho. Bruxa de Blair", disse em ele em vídeo divulgado nas redes sociais da filha.
Por conta da declaração, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia pediu ao Supremo Tribunal Federal que revogue a prisão domiciliar que o ex-deputado cumpre e devolva-o à cadeia, uma vez que está proibido de usar redes. Ele é alvo de inquérito no STF sobre milícias digitais que atentam contra a democracia. Outras entidades, como a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho produziram notas de repúdio.
A ideia de ter Bob Jeff falando o que Jair Messias está impedido de dizer não é novidade, nem invenção da oposição, mas tática exposta por aliado de ambos.
Ao invés de se coligar com o PL, o PP e o Republicanos, partidos que lançaram Bolsonaro à reeleição, o PTB preferiu ir com candidatura própria. E, no dia 1º de agosto, oficializou exatamente Jefferson ao Palácio do Planalto.
Presente no evento, o deputado federal Daniel "Surra de Gato Morto" Silveira (PTB-RJ), afirmou que a candidatura seria para ajudar Bolsonaro.
"Quando as pessoas compreenderem o que o Roberto está buscando fazer em apoio ao presidente, para que ele possa expor aquilo que Bolsonaro não pode sem ser perseguido... O Roberto já está preso, o que mais tem para fazer? Colocar uma guilhotina de cabeça para baixo, pendurada? Não tem mais o que o Alexandre [de Moraes] fazer contra ele. O que ele vai fazer é um serviço à sociedade, entregando a verdade contra alguns ministros da Suprema Corte", disse.
Com o Tribunal Superior Eleitoral negando o registro da candidatura de Jefferson, como esperado, o autointitulado padre Kelmon Souza, que aparecia como vice na chapa, assumiu a função de assessor de Bolsonaro em debates na TV.
No da TV Globo, por exemplo, Kelmon bajulou Jair e atacou seus adversários, conseguindo marcar um gol importante ao fazer bullying em Lula.
Bolsonaristas festejaram muito. Afinal, naquele momento o presidente da República conseguia tirar seu adversário do sério sem precisar abrir a boca. Vídeo postado pela jornalista Andréa Sadi mostrou Kelmon e Bolsonaro trocando papeis e combinando estratégias no intervalo do debate.
Bolsonaro é conhecido por ataques machistas a mulheres em destaque
O presidente é conhecido por seus ataques machistas. Na pré-campanha, eles causaram dores de cabeça a ele e levaram a primeira-dama a precisar afirmar que seu marido "gosta de mulheres" no lançamento de sua campanha, no dia 24 de julho, no Rio de Janeiro.
Já no primeiro debate presidencial, ele disse que a jornalista Vera Magalhães "dorme pensando nele" e tem por ele uma "paixão". No mesmo evento, disparou misoginia contra às adversárias Simone Tebet e Soraya Thonicke. Dias depois, apelou ao machismo contra uma jornalista para evitar falar sobre as fortes evidências de que sua família desviou recursos públicos e, depois, lavou tudo na forma de compra de imóveis com dinheiro vivo.
Ao invés de responder à pergunta de Amanda Klein, em sabatina na Jovem Pan, devolveu com um questionamento machista sobre a vida pessoal da jornalista, que é casada com um simpatizante do presidente. "Você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é o teu convívio com ele na sua casa."
Tudo isso soou mal e levou à sua equipe a treinar para que ele tratasse mulheres de uma forma diferente em debates e entrevistas. Às vezes funciona, às vezes não.
Mas ele não diria o que pensa sobre Cármen Lúcia sob o risco de perder eleitoras - o último Datafolha aponta Lula com 51% e Bolsonaro, 42%, entre as mulheres.
Para evitar ataques diretos, o presidente conta com prepostos.
"Quando as pessoas compreenderem o que o Roberto está buscando fazer em apoio ao presidente, para que ele possa expor aquilo que Bolsonaro não pode sem ser perseguido (...) O que ele vai fazer é um serviço à sociedade, entregando a verdade contra alguns ministros da Suprema Corte", disse Daniel Silveira, que recebeu o voto do presidente na disputa para o Senado no último dia 2.
Bolsonaro ficou em silêncio diante das agressões de Jefferson e apenas repudiou o ataque a Cármen Lúcia na tarde deste domingo (23), em uma postagem nas redes sociais, após ex-deputado atirar contra a Polícia Federal, que tentava prendê-lo. Mesmo assim, criticou o inquérito no STF que investiga o aliado.