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Maurício Ricardo

O eletrizante BBB do PSL

O deputado federal Alexandre Frota -
O deputado federal Alexandre Frota

Colunista do UOL

05/12/2019 19h27

Quando alguém quer menosprezar minha capacidade de comentar política costuma dizer que eu sou só "aquele ex-chargista do BBB". Para mim nunca foi ofensa: sempre vi similaridades entre as máscaras e os jogos da "casa mais vigiada do Brasil" e os do Congresso. O que eu nunca imaginei é que, três anos depois de deixar de deixar o programa, o BBB viesse até mim através dos tresloucados deputados do PSL.

Cheguei a comentar aqui ontem a gravidade das denúncias de Joice Hasselmann na CPI das Fake News, num texto escrito após a apresentação de slides dela. Mas o que veio depois, na hora das arguições dos colegas, foi um festival de ofensas, palavrões e baixarias que, juro, nunca vi em nenhuma das 12 edições do programa das quais participei.

Bombados e chorosas

Homens bombados provocando uns aos outros? Tinha. Mulheres chorosas à beira de um ataque de nervos? Tinha. O participante "planta" surtando e tentando algum protagonismo? Tinha também. O BBB do PSL foi tão catártico quanto foram as últimas semanas das primeiras edições, quando ninguém sabia jogar muito bem e deixava as emoções correrem soltas.

Carla Zambelli confrontando Joice por ter dito que ela já foi prostituta. Joice negando e dizendo que foi o presidente da República, Jair Bolsonaro, quem perguntou pra ela sobre as atividades profissionais da ex-militante feminista quando morava na Espanha. Os brutamontes Alexandre Frota e Carlos Jordy numa espécie de "revival verbal" da fase pornô do ator: Frota celebrando o dia em que Carlos Jordy sentou-se no seu colo e Jordy escarnecendo a prótese peniana do Frota. Tudo isso em palavras muito, mas muito menos family friendly do que as que estou usando neste texto.

Planta

Das profundezas do plenário, um deputado quase desconhecido, Nereu Crispin, faz um desabafo picante: acusa colegas de partido de o chamarem de "corno" e até de assediar sua esposa pelo WhatsApp, numa tentativa fracassada de fazer a fake news tornar-se realidade.

Chama Bia Kices de mentirosa e garante que abriu 70 (!) processos judiciais contra seus caluniadores - muitos deles colegas de partido. Diz que sofre com a depressão da filha e com o constrangimento do filho, que abandonou a faculdade.

Uma edição de pouco mais de dois minutos da fala dele, que postei em minha conta do Twitter, já ultrapassou 185 mil visualizações. "Chego na minha cidade e me perguntam: como é a coisa lá?", brada Crispin, já emendando sua resposta padrão: "Aquilo lá é uma baixaria".

Boninho teria mandado um cooler cheio de cerveja.