GOLPISMO 2: Heleno repudiará uso de sua imagem ou piscará para a bagunça?
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A bola está com o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete da Segurança Institucional. Ele terá a coragem e a honradez de vir a público para desautorizar o uso de sua imagem e de colegas seus de farda num protesto que pede o fechamento do Congresso? Caso silencie ou se expresse por palavras ambíguas — como fez quando Eduardo Bolsonaro defendeu um novo AI-5 —, então estará endossando o baguncismo e contribuindo para levar a baderna para dentro dos quarteis.
Ele está obrigado a se manifestar. Até porque esse protesto nasceu de palavras suas. Que não foram roubadas por ninguém. Foi uma transmissão feita por uma página do presidente numa rede social a revelar o que ele pensa, na intimidade dos pares, sobre o Congresso Nacional.
Em tempos que policiais militares estão mobilizados em pelo menos 12 Estados; em que um senador da República não morreu apenas por capricho do destino em confronto com grevistas; em que as relações do Poder Legislativo com o Executivo voltam ao estado de degenerescência, não é nem seguro nem institucional dar apoio velado a fascistoides e idiotas que não entendem o funcionamento da democracia.
E não bastará a Heleno dizer: "Não autorizei o uso do meu nome da minha imagem". É preciso que ele diga com todas as letras que o papel das Forças Armadas não é emparedar o Congresso. Ou ele o faz ou vira personagem de uma aventura golpista, ainda em forma larvar. E, sabem como é, se queremos evitar os problemas, melhor é conter o bicho ainda quando larva.
Fale, general! Desautorize a convocação que recorre à imagem dos militares e defenda a Constituição.
O senhor tem coragem e autonomia para fazê-lo?
Ou se inaugura, então, uma pasta nova no Palácio do Planalto: o Gabinete da Bagunça Institucional.