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Reinaldo Azevedo

Coluna na Folha: Guedes e Bolsonaro são reacionários desiguais e combinados

Presidente Jair Bolsonaro na inauguração da Usina Termelétrica Porto de Sergipe. Ele resolveu ser um reacionário, mas nos bracos do povo. Não combina com o reacionarismo de Guedes, que não gosta "disso daí" - Raul Spinassé/Folhapress
Presidente Jair Bolsonaro na inauguração da Usina Termelétrica Porto de Sergipe. Ele resolveu ser um reacionário, mas nos bracos do povo. Não combina com o reacionarismo de Guedes, que não gosta "disso daí" Imagem: Raul Spinassé/Folhapress

Colunista do UOL

28/08/2020 09h14

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Leiam trecho:
Paulo Guedes salta na frigideira porque seu modo de ser reacionário não combina com o de seu chefe, Jair Bolsonaro. O tal "Big Bang" do ministro da Economia --o dito "plano econômico-social"-- promove uma redistribuição da pobreza entre os pobres. Seu chefe achou a coisa explícita demais, com potencial eleitoral danoso. No universo recriado por Guedes, o Brasil continuará a ser o país em que, segundo o Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris, os 10% mais ricos ficam com 55% da renda. O problema não está aí. Ocorre que o 1% dos ricos de verdade --coisa de 1,4 milhão de adultos-- ficam com mais da metade: 28,3%.

Não fiz a conta. Talvez seja o caso de saber quanto detêm do tal bolo aqueles que formam o 0,1%, a "crème de la crème" da concentração de renda. Os liberais de fancaria que andam por aí a vomitar obscenidades logo vociferam: "Ninguém é pobre porque o outro é rico. É preciso esforço!". Fruto da indolência, quem sabe?, os 50% mais pobres têm de se contentar com 13,9% do conjunto de todos os rendimentos. A seu modo, Guedes até quer fazer alguma correção. Pretende acabar com a dedução no Imposto de Renda dos gastos com saúde e educação. Topa mexer naqueles 10% que concentram 55% da renda, mas nunca no 1% que abocanha 28,3%. Quanto ao 0,1%, bem...

O ministro é um reacionário antipopulista. E é aí que seu modo de fazer o Brasil andar para trás se choca com o do chefe. O "Mito" descobriu o potencial eleitoral do assistencialismo agressivo e precisa do voto de milhões. Ao comandante da Economia, basta o apoio da Faria Lima, com a concordância, é certo!, do presidente.
(...)
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