Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Na Folha: A gravata dos fuzis de Bolsonaro diz com quem está o capitalismo
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Assisti à performance de Jair Bolsonaro na quarta, em seminário promovido pelo banco BTG Pactual. Não perdi meu tempo. Sua figura patética e furiosa me forçou a procurar além do óbvio. Ainda voltarei a esse ponto em particular. Antes, uma advertência cheia de evidências eloquentes. Perigos espreitam as eleições de outubro. Não acredito em golpe, difícil de desfechar e impossível de sustentar. Mas esse não é o único mal que pode nos acometer. Bolsonaro não tem receio, por exemplo, de insuflar a desordem, como se viu no Sete de Setembro. Sua intervenção remota no seminário evidenciou que não pretende admitir uma eventual derrota. À frente da Bandeira Nacional e do Brasão da República, ladeado por Ciro Nogueira e Paulo Guedes, exibia uma gravata azul, decorada com fuzis.
(...)
Amigos marxistas tentam explicar Bolsonaro à luz das necessidades da burguesia brasileira num momento de crise do neoliberalismo. Confesso que, até hoje, não sei direito que trem é esse tal "neoliberalismo" -- parece ser uma crença milenarista que se atribui a adversários. Ocorre-me que, em termos até bem marxistas, Lula parece muito mais adequado aos padrões da economia globalizada. O petista já não se mostrou um operador do capitalismo muito mais eficaz do que o capitão golpista? Senhores do mercado, o cara usa gravata com fuzis. Nem o Putin faz isso.
Íntegra aqui