Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Coluna na Folha: Sociedade civil e o capital se unem contra o golpismo
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Leiam trechos:
*
Cobrei neste espaço, na semana passada, que o capital dissesse aos brasileiros se a democracia é um valor universal e inegociável ou se está disposto a flertar com um golpe de Estado. Algo se move. No dia 11 de agosto, a Faculdade de Direito da USP -- as históricas Arcadas da São Francisco -- reeditarão, em novo contexto, a célebre "Carta aos Brasileiros", de 1977, lida, então, por Goffredo da Silva Telles Jr., em repúdio à ditadura e em defesa do estado democrático e de direito. Desta feita, trata-se de defender a liberdade já conquistada para que possamos transformá-la em qualidade de vida para os mais pobres, esconjurando as ameaças golpistas feitas pelo presidente da República. Diz a nova carta, de que sou um dos signatários: "Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar de lado divergências menores em prol de algo muito maior: a defesa da ordem democrática."
O texto traz, de saída, a assinatura de juristas, jornalistas, artistas e representantes da sociedade civil e ficará aberto à adesão de quantos queiram endossá-lo. Mas e o capital? No mesmo dia, um outro manifesto em defesa das instituições e do cumprimento da vontade do eleitor virá à luz, este encabeçado por entidades empresariais dos mais diversos setores. A quem interessam golpe e ditadura senão a bucaneiros que vestem a pele de empresários para que possam exercer, sem temor nem perigo, suas atividades criminosas? No mundo civilizado, a tolerância com a divergência não inclui os que pretendem se impor pela violência, pelas armas, pela truculência. É uma sandice que vivamos a nos indagar se Bolsonaro pretende dar um golpe antes ou depois da eleição. Ou em que momento ele imagina pôr para funcionar o seu "dispositivo militar". O último que apostou na existência de um, diga-se, estava em campo ideológico oposto ao do atual presidente: João Goulart. Se não tivesse deixado o Brasil, teria ido para a cadeia. "Dispositivos militares" não costumam se mexer para perder.
(...)
Íntegra aqui