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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Folha: Se vencer, Lula terá de pôr fim a outro golpe, já dado pelo centrão

Arthur LIra e Ciro Nogueira, que hoje dividem o governo do Brasil; Bolsonaro é apenas o seu "clown" de extrrema direita - Reprodução; Montagem
Arthur LIra e Ciro Nogueira, que hoje dividem o governo do Brasil; Bolsonaro é apenas o seu "clown" de extrrema direita Imagem: Reprodução; Montagem

Colunista do UOL

29/07/2022 06h39

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Leiam trechos da coluna desta sexta:
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No dia 2 de junho, afirmei neste espaço: "Ou se entende que outubro pode marcar o início do 'desgolpe', ou não se entende nada". Assim estamos. A realidade é de tal sorte estupefaciente que é preciso apelar a neologismos para designar os desastres. Notem: a PEC do ICMS dos combustíveis e a dos benefícios são estupidamente ilegais. E daí? Bolsonaro e Arthur Lira, em parceria, decidiram atropelar a Constituição, a Lei Eleitoral e a Lei de Responsabilidade Fiscal na certeza de que só teriam o Supremo pela frente.
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A convenção do PP é um emblema do que está em curso. Bolsonaro tinha a sede de poder, mas não os meios com que saciá-la. Dispunha de Paulo Guedes e só. A força de sua postulação estava na fala antiestablishment. A fatia do capital, sobretudo o financeiro, que se grudou ao destrambelhado o aproximou de gigantes como Lira e Ciro Nogueira. Ou fazia um acordo ou seria chutado da Presidência. E fez. E o centrão passou a ser a espinha dorsal do governo.

Na convenção de quarta, sem uma pontinha que fosse de escrúpulo, Nogueira afirmou, dirigindo-se ao presidente: "O nosso país precisa de um comandante. Eu sei que alguns pensam em fazer do nosso país, vou dizer, até uma ucranização. É isso que querem fazer com o nosso país. Porque, no caso da eleição do ex-presidente [Lula], nós vamos ter um Congresso de mais de 370 deputados aliados ao presidente Bolsonaro. Olha as concessões que haverá de fazer para construir a sua base. O senhor construiu a sua base não através do toma lá, da cá".
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Observem: quando o ministro se refere às concessões a que Lula se obrigaria --concessões, diga-se, que seriam, então, feitas ao grupo hoje comandado por ele e por Lira --, já não está mais conversando com Bolsonaro, como finge, mas enviando um recado ao petista. É como se dissesse: "Você até pode ganhar, mas nós continuaremos a governar".
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É preciso impedir um futuro golpe e pôr fim ao golpe em curso, comandado pelo centrão. Que as lideranças dos dois manifestos se transformem em um fórum permanente e unificado de defesa da democracia. Na melhor das hipóteses, vai dialogar com homens de Estado. Na pior, terá de enfrentar autocratas e oligarcas.
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