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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na Folha: Lula contraria predições enfezadas e divide o poder com aliados

Lula entre as mulheres: o presidente eleito durante anúncio, nesta quinta, dos 16 nomes que faltavam para compor seu ministério - Pedro Ladeira/Folhapress
Lula entre as mulheres: o presidente eleito durante anúncio, nesta quinta, dos 16 nomes que faltavam para compor seu ministério Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Colunista do UOL

30/12/2022 02h49

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Pronto! Lula indicou os 37 ministros. Talvez haja alguma pacificação "Duzmercáduz", sei lá. Ou o contrário. Não tenho intimidade com essa gangorra e enforcaria o último especulador com a tripa metafórica do último experto (com "x") que tortura os fatos para que caibam em suas apostas. Os olhares analíticos têm lá seus respectivos vieses. O meu é reconstruir o tecido institucional esgarçado e resgatar entes de Estado, como as Forças Armadas, das trevas da fascistização. Nesta quinta, mais uma vez, vimos o Exército servir como "supernanny" de golpistas. Eis, pois, o meu lado nessa história. "Com responsabilidade fiscal ou sem, Reinaldo?" Ah, com ela! Mas não confundo as minhas próprias contas ou as dos meus amigos e fontes (e seus inevitáveis interesses) com o Evangelho Revelado. Já nem cito o pressuposto, sendo pressuposto, da responsabilidade social. Acrescento aos dois pilares um terceiro: a responsabilidade política.

Não se cumpriu uma das predições dos anjos do Armagedon. Os que andaram fazendo "dumping" do caos asseguravam que o PT voltava ao poder com um apetite de Pantagruel e uma sem-cerimônia de Gargântua ao exibir seus dotes de colonizador do Estado. Pois é... O partido ficará com dez pastas apenas. (...) Lula conseguiu trocar no ar algumas peças de um avião escangalhado, conduzido por um porra-louca que se esforçava para derrubar a aeronave, ainda que todos, incluindo ele próprio, morressem. É escorpião de fábula. A aprovação da PEC da Responsabilidade Orçamentária foi uma precondição para estruturar uma base de apoio, esforço que teve de passar pelo Congresso que aí está e mirar o próximo, ainda mais povoado de, digamos, exotismos morais, éticos e ideológicos. (...) Nove partidos ocuparão a Esplanada. No papel, somarão 262 deputados (51%) e 45 senadores (55%), mas há opositores declarados em União Brasil, PSD e MDB. O número de votos com os quais o futuro governo pode contar é menor. Os petistas Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) terão muito trabalho. No que respeita à divisão do poder, surpresos devem estar os mascates de crise: as três legendas citadas terão ministérios ditos "de entrega", que inauguram obras --Transportes, Cidades e Desenvolvimento Regional-- ou respondem pelo financiamento e gestão de áreas essenciais: Agricultura e Minas e Energia. Não estavam na campanha de Lula, mas somarão nove ministérios, um a menos do que o PT.
(...)
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