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Com Lula, Planalto faz as contas para 2022 e Bolsonaro entra em pânico
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O discurso do ex-presidente Lula, na quarta-feira (10), acendeu o sinal de alerta no Palácio do Planalto. O presidente Jair Bolsonaro fez as contas do andar da carruagem para 2022 e entrou em pânico. Resultado: já foi demitido o polêmico e ex-poderosíssimo secretário especial de Comunicação, Fábio Wajngarten. Um radical do bolsonarismo.
Quais as contas feitas pelo Planalto? As contas da retomada do crescimento econômico e diminuição do desemprego, para Bolsonaro chegar à campanha eleitoral de 2022 em condições de ser reeleito.
O raciocínio é o seguinte: a economia só poderá voltar ao normal quando a pandemia do coronavírus arrefecer. O ministro Paulo Guedes afirmou isso algumas vezes e já convenceu o presidente da República. Daí que, há pouco tempo, Bolsonaro começou a mudar seu discurso, dizendo que não é mais contra a vacinação.
E quando a tal vacinação em massa permitirá que o país volte mais ou menos à normalidade? Segundo os especialistas, quando atingir 60% da população.
O Brasil tem cerca 212 milhões de habitantes, segundo o IBGE. 60% disso são 127 milhões de pessoas que precisam estar vacinadas. Contando duas doses para cada um, são 254 milhões de vacinas que precisamos.
Se conseguirmos vacinar - veja só! - um milhão de pessoas por dia, teremos alcançado esse número em 254 dias. Dá quase um ano. E estamos muito, muito longe de vacinar um milhão por dia. Até porque não temos vacinas para isso.
Digamos que as tenhamos lá para junho... Isso significa que só um ano depois, em junho de 2022, às vésperas das eleições de outubro, teremos a pandemia sob controle. Mas com o pais alquebrado.
Resultados econômicos, significativos para o povão, dificilmente aparecerão durante a campanha eleitoral. Ou seja, a popularidade do presidente estará bastante ameaçada até lá.
Essas foram as contas. E por que foram feitas a partir do discurso do ex-presidente Lula no Sindicato dos Metalúrgicos?
Porque Lula se tornou o mais provável candidato à Presidência pela oposição, após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular sua condenação pelo ex-juiz Sergio Moro.
Bolsonaro contava com adversários fracos. Agora não. Pior: a candidatura Lula recoloca no páreo uma possível candidatura de Sergio Moro, a quem o presidente também temia.
Não teríamos mais uma campanha bipolar, mas - como dizem os físicos - tripolar. Com três pólos igualmente fortes, o que diminui as chances de Bolsonaro até mesmo chegar ao segundo turno.
E o Lula ainda apareceu na versão "Paz e Amor", acenando para velhos aliados do centro.
Na prisão, o ex-presidente recebeu, em 2018, a visita do ex-presidente do Uruguai José Mujica. Aquele esquerdista que passou 14 anos na prisão e voltou dizendo que não guardava rancor no coração, se elegeu presidente e se tornou quase que uma unanimidade nacional.
Assim como Nelson Mandela, da África do Sul, cuja biografia Lula já leu e gostou. Na Presidência, Mandela fez questão de acenar para os africânderes, pacificando o país após anos de Apartheid.
Em seu discurso, Lula mostrou que pretende seguir por este caminho. O que o torna mais assustador ainda para Bolsonaro.
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