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Para foto com Putin, Bolsonaro não teve medo de virar um golomianka russo
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O golomianka é um pequeno peixe, totalmente transparente, que não tem escamas nem bexiga natatória. É encontrado no lago Baikal, na região montanhosa russa da Sibéria, a norte da fronteira com a Mongólia. É possível ver sua espinha e os vasos sanguíneos através da pele. Seu corpo é composto de pelo menos 35% de gordura, antigamente usada como óleo para lâmpadas, bem como empregada na medicina mongol e chinesa.
O golomianka não é um réptil, como o jacaré brasileiro, em que tanto temia o presidente Jair Bolsonaro se transformar, caso tomasse a vacina contra a covid-19.

Na lenda bolsonarista, vacinas à base de RNA podiam mexer com nossos genes. Há até entre eles quem tema que, junto com a vacina, venha um chip chinês para dominar nosso corpo.
Mas Bolsonaro abandonou todos esses temores na sua viagem à Rússia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, se recusaram a fazer o teste de covid exigido pelos russos em suas viagens ao país. De acordo com agências internacionais, eles temiam estar cedendo seu DNA ao presidente daquele país, o ex-agente da KGB Vladimir Putin.
Bolsonaro diz ter ódio dos comunistas, da KGB, etc. Mas aceitou submeter-se aos cinco exames de covid exigidos pelas autoridades russas para encontrar Putin. Não teve receio de ceder seu DNA, nem de estar recebendo um chip em seu corpo. Muito menos de se transformar num golomianka.

Macron e Scholz, quando encontraram Putin, tiveram que se sentar na ponta de uma extensa mesa para manter distância higiênica do líder russo.
Mas Bolsonaro, não. Já que o presidente brasileiro se submeteu aos ditames do Kremlin —inclusive rendendo homenagem na Praça Vermelha ao túmulo dos soldados comunistas da União Soviética— ele conseguiu posar ao lado de Putin no encontro com o chefe de estado russo.

Pronto. Fez a foto que pretende usar na campanha, ao lado do único líder de expressão internacional que neste momento aceitou se encontrar com o negacionista brasileiro. Também um filmete posando de estadista dentro do Kremlin, cercado por áulicos do Planalto. Outra peça para a campanha a ser divulgada nas redes sociais por seu filho Zero Dois, o Carlos Bolsonaro.
Tudo dentro do script, embora em desacordo com aquilo que "O Mito" sempre disse a seus seguidores.
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