Lira dá a largada no acordo com bolsonaristas pelo comando da Câmara
Articuladores políticos do governo avaliam que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), resolveu antecipar a campanha para escolha de seu sucessor no comando da Casa.
Duas movimentações recentes do presidente da Câmara foram vistas como um recado de que está fechando acordo com a oposição para a escolha de um candidato.
Lira estabeleceu prazo de 90 dias adiáveis por outros 90 dias — ou seja, seis meses — para conclusão do parecer do grupo de trabalho do projeto sobre a futura Lei das fake news.
Os bolsonaristas são contrários ao projeto que, assim, só deverá ser votado no ano que vem.
O outro movimento foi revelado nesta quinta-feira.
Deputados foram surpreendidos com a notícia de que o presidente da Câmara pautou para ser votado em plenário um requerimento de urgência que ressuscita um projeto de 2016 que dificulta as delações premiadas.
O requerimento foi apresentado pelos deputados Altineu Côrtes (PL-RJ), Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), Elmar Nascimento (União-BA), Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), Luciano Amaral (PV-AL) e Romero Rodrigues (Podemos-PB)
Elmar Nascimento tem sido apontado como o nome da preferência de Lira para a sua sucessão.
Ao acenar com um acordo do centrão com a oposição, Arthur Lira, segundo os governistas, cobra a antecipação da reforma ministerial prevista para o final do ano.
Com isso, ele pretende indicar os novos ministros e se estabelecer como eminência parda da Câmara depois que deixar de presidir a Casa.
O mesmo ocorreu com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ao passar o a presidência do Senado para Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Arthur Lira também cobra ajuda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sua campanha para o Senado por Alagoas, em 2026. Há duas vagas em jogo e sua eleição está ameaçada.
As pesquisas apontam o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como favorito para uma das vagas. A outra passou a ser cobiçada pelo atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, que está muito bem avaliado nas pesquisas.
Caso Renan e JHC se elejam, não sobrará espaço para Arthur Lira em Maceió, num momento em que também já estará fora do comando da Câmara.
Daí a pressão por apoio do presidente Lula e a decisão de antecipar a campanha pela eleição de seu sucessor.
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