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Tales: Autocrata de esquerda como Maduro é tão perigoso quanto o de direita

Nicolás Maduro demonstra nervosismo ao subir o tom em suas declarações contra o Brasil e o governo Lula, já que sente o risco concreto de ser derrotado nas eleições presidenciais na Venezuela, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (24).

Sem citar o nome de Lula, o presidente venezuelano disse que quem se assustou com sua fala de que haverá um banho de sangue caso não se reeleja deve "tomar um chá de camomila". Um dia antes, o petista havia manifestado preocupação com as ameaças de Maduro, que ainda colocou em dúvida a lisura do processo eleitoral no Brasil, na Colômbia e nos Estados Unidos.

Temos que tomar cuidado até com as pesquisas na Venezuela. Tudo lá é complicado; a direita sempre foi golpista, e a esquerda também tem essa história. Segundo as pesquisas, [Edmundo] González, o candidato da oposição, já está com 60%. Se isso se confirmar, deixa Maduro em pânico.

A verdade é que Maduro precisa tomar o chá de camomila que está oferecendo ao Lula. Ele está nervoso com a possibilidade de perder as eleições.
Tales Faria, colunista do UOL

Tales ressaltou que Lula não deseja alimentar rusgas com Maduro por conta de sua intenção em ser um líder regional.

Essa declaração do Maduro, tão semelhante à do Bolsonaro sobre as urnas e às do Trump nas eleições dos EUA, mostra que ter um autocrata de esquerda ou de direita é a mesma coisa. Esses autocratas são muito parecidos.

Não me espanta a declaração do Maduro. Lula manteve uma aliança estratégica com [Hugo] Chávez e tem tentado usá-la para o projeto dele de ser uma liderança a América Latina. Lula usa isso para ter interlocução. Ele não tem interesse em bater de frente com Maduro, mas o presidente venezuelano está levando a situação ao paroxismo.
Tales Faria, colunista do UOL

Caso a situação se agrave e haja irregularidades comprovadas no processo eleitoral venezuelano, Lula não terá outra saída a não ser intervir na questão, alertou Tales.

O cuidado do governo brasileiro com relação à Venezuela é exatamente pela história do país. Ali, não adianta apoiar a direita achando que ela será democrática. A esquerda também tem uma história de golpes lá.

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Lula está mandando recados. O Brasil, que estava fora da equipe de auditores, entrou com dois representantes do TSE e o próprio Celso Amorim [assessor especial de Lula para assuntos internacionais]. Se eles voltarem de lá com a informação de que a eleição foi irregular, o que parece que vai ser, Lula terá que tomar uma atitude. Agora, ele está em compasso de espera.
Tales Faria, colunista do UOL

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