Por que Braga Netto não foi preso
Apontado como peça central no planejamento da tentativa de golpe de Estado, o general Braga Netto, candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, não foi alvo de prisão preventiva da Polícia Federal nesta terça-feira (19).
Isso ocorreu, segundo apurou a coluna, por uma decisão da cúpula das investigações de mirar os envolvidos diretamente na execução do plano de golpe de Estado. Aqueles militares envolvidos no planejamento ficaram de fora.
As investigações apontam que Braga Netto seria beneficiado por um eventual golpe. "A Polícia Federal logrou êxito em identificar uma minuta de instituição de um Gabinete de Crise, que seria criado no dia 16 de dezembro de 2022, após o golpe de Estado, composto em sua maioria por militares, sob o comando dos generais Augusto Heleno e Braga Netto", afirma o relatório da PF.
A PF identifica que o "objetivo almejado pela organização criminosa era 'realizar a segurança e participar da coordenação e fiscalização de novo pleito eleitoral', após as investigações de todo o pleito eleitoral".
Braga Netto inclusive sediou em sua residência uma reunião para elaboração do plano no dia 12 de novembro de 2022.
Portanto, o que a operação desta terça-feira indica é que Braga Netto foi central no planejamento e seria central na manutenção da autoridade pós-golpe.
Como candidato a vice de Bolsonaro e antes ministro da Defesa do ex-presidente, Braga Netto foi um dos generais que entraram para a política com muito poder na administração passada. Sua eventual prisão teria grande impacto, possivelmente maior que a dos alvos da operação desta terça.
A repercussão só não seria maior que uma eventual prisão do próprio Bolsonaro —e a comoção social de sua base de apoiadores não seria nem de longe desprezível.
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