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Denúncia de fraude em urnas do DF citada por PMs não se comprovou

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Do UOL, em São Paulo

10/10/2018 17h21

Não foi comprovada fraude em urnas eletrônicas do Distrito Federal, ao contrário do que afirma um vídeo que circula no WhatsApp. Na gravação, dois policiais militares dizem que havia suspeita de urnas com votos registrados antes do início da votação. No entanto, o TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral) informou que a apuração do caso concluiu que houve “desconhecimento técnico” do servidor de transmissão, a pessoa responsável por enviar os dados de votação ao fim do dia.

O agente de transmissão é um cidadão convocado pela Justiça Eleitoral para trabalhar no dia das eleições, assim como os mesários. De acordo com o tribunal, ele fez uma interpretação errada de um relatório de funcionamento que é impresso às 12h para indicar o bom desempenho do equipamento de votação.

O TRE-DF informou ainda que tanto o boletim de urna quanto a chamada zerésima foram emitidos sem qualquer alteração. O primeiro documento traz, ao final do dia, as informações de total de votos dados a candidato, partido político, votos brancos, votos nulos, número da seção, identificação da urna e a quantidade de eleitores que votaram. A zerésima é um relatório assinado no início da votação pelo presidente da seção, os mesários e os fiscais dos partidos ou coligações – ali se pode encontrar a identificação da máquina e a comprovação de que nela estão registrados todos os candidatos e que não há nenhum voto computado.

Em entrevista no domingo (7), a presidente do TRE-DF, Carmelita Brasil, disse que o vídeo foi fruto de um mal-entendido dos policiais e do denunciante. A confusão ocorreu na região de Guará, parte da 9ª Zona Eleitoral. “Ele não tem o conhecimento para dizer o que estava dizendo. Ele não soube interpretar os dados. O policial agiu de maneira irresponsável”, disse ela, de acordo com o jornal “Correio Braziliense”.

De fato, os policiais que gravaram o vídeo em frente à sede da PF (Polícia Federal) em Brasília estavam ali para acompanhar o depoimento do homem que denunciou o suposto mau funcionamento da urna eletrônica. No entanto, a PF informou que, após colhidos os depoimentos, não houve comprovação de fraude.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por sua vez, informou que a Justiça Eleitoral só é acionada após a averiguação da PF e do Ministério Público Federal, se forem encontrados indícios de irregularidades. Até a tarde da terça-feira (9) não havia nenhuma ação protocolada no tribunal a respeito de fraudes no domingo das eleições.

A Polícia Militar do DF comunicou que a Corregedoria da instituição vai apurar a conduta dos dois agentes no caso. O projeto Comprova entrou em contato com um dos soldados que gravou o vídeo, mas ele preferiu não conceder entrevista.

O conteúdo enganoso foi enviado ao WhatsApp do projeto Comprova. O vídeo também foi publicado no YouTube e no Facebook.

O material foi verificado pelo “Estadão” e outros integrantes do projeto Comprova: UOL, “Folha de S.Paulo”, “SBT”, revista “piauí”, “Jornal do Commercio” e “Poder360”.

O Comprova é um projeto integrado por 40 veículos de imprensa brasileiros que descobre, investiga e explica informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. Envie sua sugestão de verificação pelo WhatsApp no número 11 97045 4984.