É falso que movimento Houthi tenha anunciado cessar-fogo após Trump vencer
Colaboração para o UOL
08/11/2024 15h34
Não é verdade que Abdul-Malik Al-Houthi, líder do movimento Houthi, no Iêmen, tenha declarado cessar-fogo a Israel após Donald Trump ser eleito o presidente dos EUA.
Nesta sexta-feira (8), o grupo atacou a Base Aérea de Nevatim, no sul de Israel, e derrubou uma aeronave MQ-9 Reaper dos EUA no espaço aéreo da província iemenita de al-Jawf. Além disso, em discurso semanal feito na quinta-feira (7), o líder do grupo rebelde do Iêmen afirmou que os resultados das eleições americanas não afetarão a posição de apoio à nação palestina.
O que diz o post
Conteúdo viralizado traz foto do porta-voz do movimento Houthi, Yahya Sarea, com texto sobreposto dizendo: "POUCAS HORAS APÓS A VITÓRIA DE TRUMP, OS HOUTHIS DECLARAM CESSAR-FOGO COM ISRAEL."
Em um dos posts, a legenda é: "Iraque | Urgente. Poucos minutos após a vitória eleitoral de Donald Trump ter sido confirmada, o porta-voz Houthi anunciou o fim das suas operações em águas internacionais, declarando que estas ações tinham sido puramente defensivas. 'As nossas operações em águas internacionais foram apenas para fins defensivos, anunciamos um cessar fogo imediato'. O anúncio inesperado alimentou a especulação de que o regresso de Trump ao poder pode estar a sinalizar uma mudança na dinâmica global, vendo este desenvolvimento como um impacto imediato da renovada influência dos EUA no cenário internacional. Os observadores operam agora que o Irã, o Hamas e o Hezbollah sigam o exemplo, aliviando as tensões na região e permitindo o retorno seguro e rápido dos restantes reféns israelitas. Fonte: Ale Chianelli".
Por que é falso
Grupo mantém defesa ao Hamas e ao Hezbollah. No post, a foto é do porta-voz do movimento Houthi, Yahya Sare'e, em seu perfil no X, onde há um comunicado sobre apoio ao Hamas e ao Hezbollah (aqui, em inglês). Nesta sexta-feira (8), outro membro do movimento, Ameen Hayyan, postou sobre os ataques recentes (aqui e abaixo). Além disso, em pronunciamento, o grupo assumiu ter atacado a Base Aérea de Nevatim, no sul de Israel, com um foguete balístico hipersônico chamado "Palestina 2" e derrubado uma aeronave MQ-9 Reaper, dos EUA, no espaço aéreo da província iemenita de al-Jawf (aqui).
Líder do movimento diz que eleições não afetam posição do grupo. Em discurso semanal nessa quinta-feira (7), Sayyed Abdul-Malik Al-Houthi afirmou que o resultado das eleições americanas não afetarão a posição de princípios do Iêmen. Segundo ele, nem Donald Trump nem Joe Biden, atual presidente dos EUA, podem dissuadir a posição de apoio à nação palestina (aqui, aqui e aqui, em inglês).
Houthis surgiram na década de 1990 e têm apoio do Irã. Conhecido também como Ansarallah (Apoiadores de Deus), o movimento é uma das partes envolvidas na guerra civil do Iêmen, que já dura quase uma década. O grupo foi formado na década de 1990, quando seu líder, Hussein al-Houthi, lançou o "Believing Youth" (Juventude Crente), um movimento de reavivamento religioso de uma subseção secular do Islã xiita chamada Zaidismo (aqui).
Ataques a Israel em 'solidariedade' ao povo palestino. O movimento do Iêmen tem feito disparos de mísseis e drones contra Israel, em solidariedade aos palestinos, desde o início do conflito em Gaza após ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro. Os israelenses contra-atacam (aqui e aqui).
Trump ganhou votos entre árabes por apoio de Biden a Israel. Além disso, o republicano eleito presidente dos EUA prometeu, durante a campanha, que levaria a paz ao Oriente Médio, sem dizer, no entanto, como colocaria fim aos conflitos entre Israel, Hamas e Hezbollah (aqui e aqui).
Viralização. Nesta sexta-feira (8), no Instagram, uma das versões do post desinformativo registrava mais de 39 mil reproduções, enquanto outra tinha 2.181 curtidas.
A postagem também foi verificada por Aos Fatos, Estadão Verifica, Lupa e Reuters.
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