Wajngarten não disse que Bolsonaro planejou matar Lula porque usou drogas
Ricardo Espina
Colaboração para o UOL
25/11/2024 15h48
Fabio Wajngarten, ex-advogado de Jair Bolsonaro (PL), não disse que o ex-presidente participou da elaboração do plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Tampouco que ele estaria "sob efeito de drogas" na ocasião, como afirmam posts enganosos que circulam pelas redes sociais.
O trecho de uma entrevista antiga de Wajngarten foi retirado de seu contexto original e compartilhado como se fosse recente, com uma afirmação falsa. Não há menção ao plano para matar Lula. Ele comentava a publicação de um post no perfil de Bolsonaro em uma rede social com os ataques ao sistema eleitoral.
O que diz o post
A publicação contém o vídeo de uma entrevista de Fabio Wajngarten. Um dos repórteres questiona se "o presidente estava sob efeito de remédios e fez a postagem sem querer". "Exatamente isso. Quando alertado e quando tomou conhecimento da postagem, sequer o presidente sabia ou havia percebido que havia postado o referido conteúdo. Assim que alertado, apagou o vídeo", respondeu o ex-advogado de Bolsonaro.
Logo abaixo, o seguinte texto: "AGORA: Mais cedo, o advogado de Bolsonaro falou que o seu cliente só planejou mat-ah o Presidente Lula porque estava sob efeito de dr0-gas". Em momento algum explica-se qual é a publicação feita por Bolsonaro, do que ela se trata e quando ela foi feita; porém, o texto insinua que seja sobre o envolvimento do ex-presidente na trama golpista, pela qual foi recentemente indiciado pela Polícia Federal.
Por que é falso
Vídeo é de 2023, sobre ataques ao sistema eleitoral, e não a plano de assassinato. Por meio de busca reversa (aqui), verifica-se que a entrevista foi dada em 26 de abril de 2023 (aqui e abaixo) - portanto, antes do indiciamento do ex-presidente pela PF. Naquela data, Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal por cerca de duas horas no inquérito do STF que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ele se explicou por postar no Facebook um vídeo com fake news sobre as eleições, apagado horas depois (aqui), e alegou estar sob efeito de remédios (aqui), como relatado por Wajngarten, então seu advogado.
Wajngarten deixou defesa de Bolsonaro no Supremo. Em agosto, o advogado anunciou que deixaria a defesa do ex-presidente nos processos em andamento no STF. Na época, Wajngarten alegou que "o conflito de interesses fica consignado irremediavelmente" (aqui).
PF indiciou Bolsonaro por tentativa de golpe. O ex-presidente e mais 36 pessoas (aqui) foram indiciadas sob suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa (aqui). Nos próximos dias, Moraes deve encaminhar o relatório final da PF à PGR (Procuradoria-Geral da República) (aqui). O Supremo estima que o julgamento do caso deve ocorrer no primeiro semestre de 2025 (aqui).
Viralização. Uma postagem no Instagram tinha mais de 1.900 curtidas até a tarde desta segunda-feira (25).
Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos e Reuters.
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