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Bolsonaro alega uso de remédios e diz que postou vídeo do 8/1 'sem querer'

Do UOL, em Brasília

26/04/2023 11h36

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou hoje em depoimento à Polícia Federal que estava sob efeitos de remédios no dia em que postou um vídeo após os atos golpistas em Brasília.

Segundo os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser e seu assessor Fábio Wajngarten, Bolsonaro iria compartilhar o vídeo consigo mesmo no WhatsApp, para assistir depois, mas acabou postando no Facebook.

O que aconteceu:

Bolsonaro foi ouvido hoje pela Polícia Federal por cerca de duas horas no inquérito que investiga os atos golpistas.

O ex-presidente passou a integrar a apuração após postar, em uma rede social, um vídeo com fake news sobre as eleições. Isso ocorreu dois dias após a invasão das sedes dos três Poderes. O vídeo depois foi deletado.

Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente neste período, o presidente estava internado num hospital em Orlando, justamente no período do dia 8 ao 10 [de janeiro] quando ele teve uma crise de obstrução intestinal, isso está documentado, foi submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10." Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro

Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas a três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem."
Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro

Os advogados negaram que tenha sido Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, que tenha postado o vídeo de 8/1.

A defesa afirmou que vai disponibilizar à Polícia Federal os metadados da publicação de Bolsonaro, que apontam por quem, quando e onde a postagem foi feita.

Durante toda a entrevista, os advogados frisaram que Bolsonaro repudiou os ataques de golpistas em Brasília.

Em nenhum momento, o presidente Bolsonaro fez qualquer juízo de valor quanto ao conteúdo do vídeo. E o presidente reiterou no depoimento de hoje, recriminou, todo e qualquer ato antidemocrático que visa gerar instabilidade na ordem democrática e isso está consignado no depoimento de hoje."
Fábio Wajngarten

Durante o depoimento à PF, não houve questionamento sobre a relação de Bolsonaro e Anderson Torres, segundo os advogados. Mas ele se colocou à disposição para novos esclarecimentos para os delegados da PF.

O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento sobre os atos de 8/1 - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento sobre os atos de 8/1
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Wajngarten disse ainda que o acervo do presidente se encontra temporariamente guardado na casa do ex-piloto e empresário Nelson Piquet. São camisetas de futebol e presentes variados.

Após o depoimento, Bolsonaro chegou a descer do carro em que estava para que os fotógrafos da imprensa fizessem imagens.

Aos cinegrafistas, disse que "estava com saudade de vocês". Ao notar que os jornalistas iriam ao seu encontro, o ex-presidente entrou no carro e seguiu viagem.

O depoimento de Bolsonaro ocorreu após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendendo a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

O que dizia a postagem

A postagem foi compartilhada em 10 de janeiro deste ano. Nela, Bolsonaro diz que Lula não foi eleito pelo povo, e sim escolhido pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A publicação viralizou rapidamente nas redes sociais e foi apagada pouco depois.

O post era trecho de uma entrevista de Felipe Gimenez, procurador do Mato Grosso do Sul, apoiador declarado de Bolsonaro, alegando que não houve transparência na apuração das urnas eletrônicas e que não é possível ver a contagem dos votos. O que não é verdade.

Também é questionada a credibilidade das urnas eletrônicas eleitorais e dito que o código fonte não pode ser verificado, além de ser defendido o uso de voto impresso.